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Era madrugada quando a luz acabou. Sei disso porque o ar-condicionado desligou sozinho. E sei que não está fazendo tanto calor assim para dormir com o ar-condicionado ligado. Mas eu gosto e... me deixa! Levantei assustado. Havia algo de estranho no ar. Olhei pela janela e vi a cidade às escuras. “Aí tem”, pensei. “O governo está escondendo alguma coisa”, continuei pensando. “Um apagão desses não é normal”, acrescentei ao pensamento.
Do quarto, porém, minha mulher gritou: “Para de pensar, Paulo! Quero dormir!”. A reprimenda me soou estranha. Articulada demais, ainda mais àquela hora da madrugada. Será que ela estava envolvida na trama? Não duvido nada. Por garantia, a partir daquele momento calei a boca e comecei a anotar as evidências de que o aparente apagão era bem mais do que acreditam vocês, mortais simplórios e incapazes de ligar os pontos. Humpf.
Por que ninguém está falando disso?!
Por exemplo, a “contingência severa” ocorreu em pleno 14 de outubro. Dia Nacional da Pecuária e principalmente aniversário de Hannah Arendt. Viu, eu disse que nada era por acaso! E mais: a causa do apagão teria sido um incêndio na subestação de Bateias, distrito de Campo Largo (PR). Que fica perto de Ponta Grossa, mas muito longe, a 2630km de Curralinho (PA). Paraná que, não se esqueça, é o estado de Sergio Moro, Edson Fachin, Chitãozinho & Xororó (os pais do irmão da Sandy) e Paulo Polzonoff – tanto o pai quanto o filho. Diante de tantos óbvios, pois, eu te pergunto: por que é que ninguém está falando disso?!
De repente, a luz voltou. Vários aparelhos da casa apitaram ao mesmo tempo e juro que os ouvi entoando a “Internacional Socialista”. Estranho é pouco! Fui até a cozinha, preparei um nescauzinho e fiquei ali. Um olho no peixe e outro no gato, como se diz. Aos poucos, a imprensa começou a dar manchetes evidentemente coordenadas. Me chamou a atenção o fato de todas usarem a palavra “apagão”. Não pode ser! Mas era. Alguns jornazistas mais ousados usaram o advérbio “apenas” para se referir à falha elétrica. E todo mundo sabe que “apenas” é código para “tem muito mais por trás disso”.
Faz todo o sentido do mundo
Alerta, mas lutando contra a paranoia, ignorei a grande mídia e grudei os olhos no WhatsApp, à espera das mensagens realmente esclarecedoras. Que não tardaram. Pelo grupo The Truth Is Out There fiquei sabendo que a subestação que pegou fogo guardava documentos sobre a passagem de Janja por Itaipu. Eu não disse?! De todos os cantos surgiam hipóteses. Uma mais plausível do que a outra e quem discorda só pode estar maluco. A maioria envolvendo George Soros, a China e, claro, o interesse norte-americano pelas terras raras. Mas não se preocupe, porque Alexandre de Moraes também apareceu como suspeito, se bem que não me lembro mais do quê. Tanta coisa...
A mulher acordou, tomou café, foi para a academia, saiu para o trabalho – e eu não percebi nada disso. Afinal, o que é um dia de normalidade na vida de um casal em comparação com aquilo que tinha acontecido, ou melhor, estava, ou melhor ainda, está acontecendo bem diante dos nossos olhos, mas somente eu consigo enxergar? “O que eles querem é apagar o Brasil do Bolsonaro e deixar só o do Lula aceso”, dizia um áudio que recebi agorinha mesmo e já repassei para toda a minha lista de contatos. Afinal, faz todo o sentido do mundo, ué!
Se eu não voltar a escrever neste espaço
Agora são 15 horas. Um caminhão da Copel está parado aqui na frente de casa. Desde o meio-dia. Achei estranho, mas não disse nada. Sou coerente. Além disso, não queria fazer acusações levianas. Mas há poucos minutos recebi um telefonema de alguém imitando a voz da minha mulher e me perguntando qual o número da minha camisa-de-força. Não pode ser coincidência. Desliguei na hora e avisei o porteiro para ele não deixar ninguém subir. Principalmente se for da Copel.
De qualquer forma, vou deixar tudo registradinho aqui neste caderno. Todas as provas de que o apagão do dia 14 de outubro de 2025 não foi mera falha técnica, muito menos uma contingência severa – o que quer que signifique isso. Foi um evento maior, mais importante e mais grave do que as pessoas percebem. E algo me diz que tudo isso tem a ver com Gaza. Podem me cobrar mais tarde. Isto é, se eu ainda estiver por aqui. Aliás, se eu não voltar a escrever neste espaço, vocês já sabem o motivo. Ou melhor, acham que sabem.




