Foi um fim de semana de bastante reflexão e aprendizado. Ou melhor, está sendo, já que escrevo este texto no domingo (17). Apenas cinco dias depois do auê em torno do ato tresloucado de um homem que jogou fogos de artifício contra a estátua da Justiça, em frente ao STF, e depois se matou, o assunto já virou até piada. Sim, piada.
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Martírio danoso
O que pode ser visto como sintoma da dessensibilização por que passa a sociedade, prefiro ver como uma maneira de nos protegermos do ridículo disso tudo. Disso tudo. Tanto da política que enlouquece aqueles que transformaram o Estado e a própria democracia em deuses (Alexandre de Moraes, Janja, Lula, etc.), quanto do martírio danoso, que agora põe em risco a nobre causa da anistia.
Atentado mambembe
Sem falar do caráter brazuca de um atentado para lá que mambembe e que, a julgar pelo poder de destruição das bombas, no máximo coloriria aquela chuvosa noite brasiliense. E aqui o ridículo mais ridículo dessa história toda. Aquele que mais nos ameaça e, por isso, nos obriga a recorrermos a esse humor às vezes sórdido, reconheço, mas que é na verdade um pedido de ajuda.
Instrumento decorativo
Estou falando do ridículo de termos uma corte suprema que já se mostrou incapaz de lidar com os problemas do Brasil. Um STF que, já disse trocentas vezes neste espaço, tem a responsabilidade de proteger o indivíduo do poder infinitamente maior do Estado, mas que se corrompeu a ponto de hoje se confundir com o próprio Estado opressor. Um tribunal que deveria zelar pela Constituição, mas preferiu fazer dela instrumento decorativo de uma democracia idem.
Coringa tupiniquim
E a forma como o STF, sobretudo o ministro Alexandre de Moraes, está lidando com o caso do Tiü França, o coringa tupiniquim, é emblemática. Tanto é assim que o cadáver do pobre-diabo nem tinha esfriado e ele, Alexandre de Moraes, foi a público divulgar suas conclusões quanto ao ocorrido. Conclusões que, coincidentemente, lhe são de alguma forma convenientes e benéficas. Lucrativas.
Tédio soberbo
Xandão apronta mais essa com a anuência explícita ou silenciosa dos demais ministros que formam a corte despudoradamente revolucionária. Ministros mais preocupados com seus rostos botocados, suas silhuetas ozempicadas e seus cabelos transplantados do que em compreenderem a natureza de um poder que exercem com aquele mesmo ar de tédio soberbo com que Eichmann carimbava os despachos de seres humanos para Auschwitz.
Infelizes, amedrontados, miseráveis
Por isso é que tantos estão enlouquecendo à procura de uma saída institucional para esse impasse. Não há. Não enquanto o STF for ocupado por homens (e uma mulher) infelizes, profundamente infelizes, tá na cara que são infelizes. Por hobbits amedrontados e consumidos por um poder mil vezes maior do que sua capacidade de tomar decisões moral e juridicamente corretas. Por moribundos com a boca cheia de lagosta, mas incapazes de reconhecer sua miséria e, por isso, de pedir ajuda.
Parêntesis
(Agora você vem me dizer que Alexandre de Moraes faz o que faz e diz o que diz porque é psicopata e sou obrigado a abrir estes parêntesis para retrucar que não. Ele não é psicopata. É apenas um homem sem a menor ambição de conhecer a natureza humana e de promover o bem comum, ocupando um cargo cuja responsabilidade maior é promover o bem comum por meio de uma compreensão profunda da natureza humana. É o que chamam por aí de justiça).
Frágil & falho
Não, não haverá pacificação tão cedo. Com ou sem anistia. Porque a pacificação não interessa a quem aprendeu a exercer com brutalidade o poder, a fim de impor sua vontade aos demais. Muito menos a quem, acostumado a ser tratado como um deus, já esqueceu que é humano – frágil e falho. Em todo caso, e por mais lúgubre que pareça este texto, insisto no conselho: não tenha medo. Pô.
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