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Polzonoff

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"Ensina-me, Senhor, a ser ninguém./ Que minha pequenez nem seja minha". João Filho.

Titereira

De: Janja. Para: Lula. O que será que estava escrito naquele bilhetinho?

Janja Bilhete
Ao lado do fantoche-em-chefe, a primeira-dama, vice-presidente, primeira-ministra, socialite e chanceler Janja lhe passa instruções. (Foto: Reprodução/ Twitter)

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Sexta-feira. Já dava o expediente por encerrado ao me deparar com uma cena cada vez mais comum, mas que me recuso a incluir no que entendo por “normalidade democrática”. Nela, Lula aparece pela primeira vez depois da blefaroplastia no quadril. Ou seria uma artoplastia das pálpebras? Jamais saberemos. Ao lado dele, a socialite, primeira-dama, vice-presidente, primeira-ministra e, se duvidar, até chanceler Janja.

Lula vai falar sobre os vinte anos do Bolsa Família. Mas não resiste e acaba falando sobre o conflito entre os terroristas palestinos do Hamas e as tropas israelenses. A boa notícia é que, pela primeira vez, Lula chama as coisas por seu nome. Contrariando Gleisi Hoffmann e o PT, ele se refere às atrocidades do Hamas pelo termo “terrorismo”. É que nessas horas a ambição de ganhar o Nobel da Paz fala mais alto.

Mas o aparente acerto diplomático e, vá lá, humanista dura pouco. Porque logo em seguida Lula joga um número qualquer (1500) no ar, lamenta a morte de crianças palestinas e chama a reação israelense de insana. Está criada, assim, a falsíssima equivalência entre o assassinato intencional e brutal dos judeus e as vítimas colaterais de uma guerra obviamente indesejada. Ah, Lula. Você não aprende mesmo, hein!

Ao lado do maridão ex-presidiário, Janja faz caras e bocas de difícil interpretação. Tem hora que parece expressão de nojo. Tem hora que parece expressão de mais nojo ainda. Tem hora que dá quase para ver um raciocínio se completando. Quase. Tem hora que não. “Não é possível tanta insanidade, que as pessoas façam uma guerra...”, vai falando o Lula, sem ter a menor ideia de onde quer chegar. O mesmo Lula que, lembro bem, se dizia capaz de resolver a Guerra da Ucrânia numa mesa de bar.

Imagina se fosse a Michelle

Eis então que Janja faz jus ao cargo que usurpou de alguém. Do cargo para o qual não foi eleita. Diante das câmeras, ao ouvir a palavra “insanidade”, dá para ver que ela tem uma epifania qualquer. Aparentemente contrariada, com cara de quem chupou alguns limões, ela pega uma caneta Bic, escreve algo num papel, sublinha duas vezes, emoldura uma palavra e mostra a Lula. Que dá uma risadinha bem discreta – ou é impressão minha? – e segue com o pronunciamento.

Lula encerra o discurso de estadista moralmente prejudicado com uma daquelas platitudes que soam como música aos ouvidos dos esquerdistas. “Blá, blá, blá, a gente propor, sabe, a gente propor, sabe......... paz”, diz ele. Caprichando, sabe, nas pausas, sabe? Janja concorda com a cabeça. E eu passo a meia hora seguinte assistindo ao vídeo e me perguntando o que Janja escreveu naquele bilhete. O que era tão importante que não podia esperar?

Será que ela mandou culpar Bolsonaro? Será que ela estava dizendo para o fantoche-em-chefe encerrar, porque quanto mais ele fala, mais se complica? Será que ela escreveu “Eu te amo”, sublinhou e emoldurou, arrancando de Lula uma risadinha quase imperceptível? Será que ela estava avisando que era a hora do remedinho? Será que ela estava perguntando “por que a gente não vai passear em Gaza, meu amor”? Ou será que foi uma demonstração de poder, um recado para as Gleisis Hoffmanns da vida, um sinal de que quem controla os títeres agora é ela, Janja?

Seja lá o que Janja tenha escrito naquele pedaço de papel, a verdade é que vivemos sob um governo de esculhambação total, no qual uma primeira-dama tem ou acha que tem relevância nas decisões de Estado. Vivemos sob o governo do Casal Treze, que administra o país como se fosse propriedade particular (um barraco, uma birosca) dos dois. E tudo isso sob o silêncio conivente, quando não cúmplice, de uma imprensa que nem tenta esconder a predileção por essa democracia relativa e avacalhação absoluta. Imagina. Se fosse. A Michelle.

(Em tempo: a ordem dos fatores não altera o produto. Só o torna menos interessante. Na verdade, Janja passou o bilhete para Lula antes de ele mencionar as mortes de 1500 crianças palestinas. Teria sido esse número, aliás, o que Janja escreveu, sublinhou e emoldurou no pedaço de papel. Sem graça, mas esclarecedor e igualmente revoltante. Afinal, quem informou esse número para a nossa primeira-ministra, vice-presidente, primeira-dama e dublê de chanceler foi o Ministério da Saúde de Gaza. Controlado pelo... Hamas).

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