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Inferno astral

O que dizem os astros sobre a “improvável” prisão de Jair Bolsonaro

Bolsonaro
Bolsonaro e a astrologia: aproximação entre Marte e Vênus sugere prisão. (Foto: Pixabay + EFE)

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“Improvável”. Tive que pôr aspas porque é uma citação da matéria (excelente, por sinal) do meu colega Renan Ramalho. Na qual ele afirma, só para me provocar, que “uma prisão preventiva [do Bolsonaro], no entanto, ainda não está no horizonte, a não ser que o ex-presidente cometa erros que possam ser interpretados como tentativa de prejudicar a investigação”. O problema está nessa ressalva aí. Afinal, tudo o que Alexandre de Moraes quiser interpretar como erro será interpretado como erro.

Sem falar que, até aqui, o ex-presidente tem acumulado decisões que, em condições normais de temperatura e pressão, seriam perdoadas como simples deslizes políticos, errinhos a que estão sujeitos quaisquer líderes, em quaisquer cargos. Mas não vivemos tempos normais, a temperatura está alta demais e a pressão beira o insuportável. Daí porque qualquer “a” fora do lugar é visto como um erro imperdoável de Bolsonaro e de seus aliados e apoiadores. Como sabe a “Turma do Bem-feito”.

É exatamente por causa dessa perseguição irracional, ou melhor, dessa obsessão que discordo do Renan (e de muitos leitores) quanto à improbabilidade de Jair Bolsonaro ser preso. E discordo também de quem argumenta que Bolsonaro não será preso porque o STF não quer criar um mártir. Como a Lava Jato (atenção para o tempo verbal!) teria feito com Lula. Digo, o argumento faz sentido, muito sentido, um sentido danado! E aí é que está o problema.

Porque um vingador obcecado como Alexandre de Moraes não age de acordo com a lógica ou com o cálculo político ou a Constituição ou ainda o velho bom senso. Ele quer apenas satisfazer um desejo, realizar um sonho, cumprir uma missão ou fazer prevalecer sua vontade. O resto é resto. Na cabeça de Alexandre de Moraes, se a prisão de Bolsonaro der origem a acampamentos de apoiadores, como se viu com Lula em Curitiba, tanto melhor: prende-se os apoiadores também, ué.

Alexandre de Moraes não age de acordo com a lógica, o cálculo político, a Constituição ou o velho bom senso. Ele quer apenas satisfazer um desejo, realizar um sonho, cumprir uma missão ou fazer prevalecer sua vontade

De qualquer modo, ando encafifado com essa questão. Tanto com a minha certeza de que Jair Bolsonaro será preso quanto com a certeza de tantos outros que são capazes de apostar tudo (ou pelo menos qualquer coisa) contra a prisão do ex-presidente. E aqui não posso deixar de registrar que tanto eu quanto eles (vocês?) somos profetas de tempos caóticos, nos quais o que prevalece é o arbítrio de um homem. Que, num belo dia, pode acordar de bom ou mau humor e decidir: teje preso!

Foi assim que, para dirimir (verbo horrível!) essa dúvida, recorri aos astros. Não estou brincando, não. Perguntei a amigos versados na milenar arte de consultar a disposição dos corpos celestes: Bolsonaro será preso? Num primeiro momento, eles relutaram em fazer o mapa. Me mandaram catar coquinho e tal. Mas depois de algum convencimento, eis que acabei com duas interpretações possíveis para a situação do ex-presidente. Duas interpretações não excludentes, diga-se de passagem.

A primeira crava: o ex-presidente Jair Bolsonaro será preso. Alguma coisa a ver com o encontro entre Marte (Bolsonaro) e Vênus (cadeia). Mais do que isso, os astros preveem que isso se dará em “16 unidades de tempo”. O que, para o amigo, significa mais ou menos daqui a 16 semanas. Se isso se confirmar, vou pedir um aumento, hein! Do contrário, vamos fazer de conta que ninguém viu.

A segunda interpretação é menos precisa, mas muito mais preocupante. Resumindo, uma mistura de Marte exaltado em Capricórnio com a cúspide não-sei-do-quê indicaria que Bolsonaro está cogitando uma fuga do país. É neste momento que você faz “uau!” daí e eu faço “uau!” daqui, porque não consigo nem imaginar as consequências de uma fuga do ex-presidente.

Tudo isso para dizer que já apostei com o Renan: se Bolsonaro for preso ou se Bolsonaro der um jeito e fugir do país (para a Argentina, talvez?) até o fim de 2024, ele me paga um jantar no restaurante mais caro de Brasília. E ainda chama o Xandão e o Sílvio Ribas. Se nada disso acontecer, porém, eu lhe pago um ovo-rosa e uma cerveja quente num pé-sujo qualquer aqui de Curitiba. Custos da viagem por conta dele, é claro.

* Como este é um texto semicômico que será interpretado como um artigo seriíssimo por alguns, convém avisar que um dos amigos consultados previu que Bolsonaro seria reeleito em 2022.

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