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Ricardo Sabbag

Ricardo Sabbag

Política partidária e eleições no Paraná.

Quinta vez

O que Requião quer e o que pode conseguir com mais uma candidatura ao governo do Paraná

Requião
Requião durante evento com Lula em Curitiba em 2017. (Foto: Daniel Caron/ Arquivo/ Gazeta do Povo)

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Roberto Requião (PT) será candidato ao governo do Paraná pela quinta vez em 2022. A primeira vez que disputou uma eleição para o governo do estado (e venceu) foi em 1990, início do período da redemocratização brasileira. Das quatro primeiras vezes em que concorreu à cadeira do Palácio Iguaçu, foi vencedor em três delas (1990, 2002 e 2006). Perdeu em 2014, quando o eleito foi o então candidato à reeleição Beto Richa (PSDB).

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Ao longo desses mais de 30 anos de corridas ao Palácio Iguaçu, Requião teve diferentes aliados e adversários, muitos deles tendo ocupado os dois lados dependendo do momento político. Em 1990 era apadrinhado pelo então governador Alvaro Dias, de quem foi secretário de Desenvolvimento Urbano ao deixar a prefeitura de Curitiba, em 1989. Em 2002 disputou a eleição contra o mesmo Alvaro Dias. Em 2006, seu adversário foi Osmar Dias, irmão de Alvaro - quatro anos mais tarde Requião seria candidato ao Senado na mesma chapa de Osmar, que tentava pela segunda vez o governo do estado.

Em 2022, Requião disputará as eleições para o governo pela primeira vez fora do MDB, tendo como principal adversário Carlos Massa Ratinho Junior (PSD), atual governador. Requião vem de um período de quatro anos sem mandato, quando muitos já davam sua carreira política como encerrada.

Seja por persistência, seja por falta de melhores opções no seu campo político, fato é que Requião será, mais uma vez, candidato a governador do Paraná. E, aos 81 anos, não pode se chamar de surpresa se essa for a última eleição que disputará ao governo do estado (Siqueira Campos, um dos políticos mais longevos do Brasil, foi eleito pela quarta vez ao governo do Tocantins aos 82).

Ao vislumbrar o pôr do sol de sua carreira política, o que pretende Requião como candidato a governador pela quinta vez?

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A resposta óbvia: ser governador, mandar no estado por mais quatro anos, revigorar seu grupo político, derrotar o “capital vadio”, reavivar a Carta de Puebla, relembrar a memória do amigo Hugo Chávez. Escolha a melhor opção.

Convenhamos que a missão não é das mais simples. Requião concorre contra a popularidade de Ratinho, a máquina do governo, 11 partidos coligados e a antipatia de boa parte do eleitorado paranaense às correntes ideológicas de esquerda. Por que esse cenário atrairia o político octogenário a sair em caravana pelo Paraná mais uma vez?

Requião de 2022 emula o Requião de 2002

A resposta menos óbvia pode estar no passado. Em 2002, Requião não era favorito a vencer as eleições. Ao contrário, quem liderava as intenções de voto no início da campanha era Alvaro Dias (então no PDT). E havia outros adversários competitivos, como Beto Richa, candidato à sucessão do então governador Jaime Lerner, e até Padre Roque (PT), candidato de Lula naquela que seria sua primeira eleição vencida a presidente.

Foi uma eleição concorrida. E na qual Requião terminou o primeiro turno em segundo lugar.

A grande tacada estratégica de Requião em 2002 foi ter colado sua candidatura à de Lula, esse sim favorito a vencer naquele ano, à revelia das coligações partidárias. Ora, o PT tinha seu próprio candidato no estado, Padre Roque. E nacionalmente o então PMDB de Requião compunha a chapa de José Serra (PSDB), que disputava com Lula.

A fidelidade partidária, como mostra sua história, nunca foi impeditivo para Requião escolher seu caminho na política. Assim, com ou sem acordo político, Requião se vendeu como “candidato de Lula” na campanha, aproveitou-se da nacionalização do debate e virou o jogo contra Alvaro. Venceu sabendo que devia em grande medida sua eleição a Lula. Afinal, no segundo turno o PT abraçou de vez a candidatura de Requião, com Padre Roque se tornando fiel secretário do governo que se formaria no ano seguinte.

A partir dali, Requião tornou-se um aliado de primeira ordem de Lula e do PT. Foi um dos maiores defensores de Dilma Rousseff durante o processo de impeachment dela e esteve várias vezes ao lado do ex-presidente durante seu período na prisão em Curitiba. Poucos políticos de outros partidos manifestaram a mesma lealdade a Lula nos piores momentos da história recente do PT.

Agora, devidamente filiado ao PT, Requião deve trabalhar nessas eleições não só por sua candidatura ao governo do estado, mas muito – ou talvez até em maior parte – pela candidatura de Lula. Afinal, se o jogo no estado é difícil, uma eventual eleição de Lula à presidência pode render ao paranaense cargo de destaque num governo federal petista, seja num ministério, seja na presidência de Itaipu.

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