Quais as ações mais rentáveis da última década

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Como estamos bem próximos do final do ano e é tempo de reflexão, nada melhor do que pensar no longo prazo. E por essa razão acredito ser importante apresentar alguns fatos a muitos que desconhecem o mercado de renda variável. Para alguns, parece clichê falar no tal longo prazo, mas aqui apresento a realidade nua e crua dos fatos. Se levarmos em consideração os ativos negociados apenas nos últimos 10 anos, ou seja, do final de 2010 ao final de 2020, apenas quatro ações apresentam rentabilidade na casa do milhar: Weg, Equatorial, Sanepar e Taesa.

O que chama atenção aqui é que, deste quarteto, três são do segmento de utilidade pública e uma, industrial. Com retorno de 1.296%, a Weg é a grande campeã do quesito entrega de rentabilidade aos seus acionistas no período. Logo a seguir vem Equatorial Energia com 1.250%, Taesa com 1.029% e Sanepar com 1.014%. Muitos podem estar se perguntando do fenômeno Magazine Luíza na bolsa, mas esta abriu capital em maio de 2011. Desde então até hoje acumula expressiva alta de 5.311%. Na segunda colocação deste mesmo prazo, ficaria a mesma Weg com 1.428%.

Alguns outros pontos chamam atenção nesta mesma lista: as empresas que vem logo a seguir, como Localiza e Raia Drogasil (com 930% e 915%, respectivamente) além de Alpargatas (com 754%) são todas do ramo de varejo, apesar de pertencerem a subsegmentos distintos. Se excluído o filtro de volume de negociação e presença em 100% dos pregões, o que quer dizer que colocaríamos qualquer ação ou ativo, a tabela seria alterada com as ações da General Shopping, com 8.560%, e da Unipar, com 2.166%. Para se ter ideia do que isto representa, a Nasdaq, índice da bolsa de tecnologia nos EUA, apresentou alta de 383% no período.

Na mesma lista, só que do lado oposto, teríamos sete empresas que tiveram retorno negativo de 99% como JB Duarte, Atmasa, Viver, Lupatech, PDG, Recrusul e Oi. Chama muito a atenção o fato de haver algumas que eram até consideradas grandes como Lupatech, PDG e até a bastante mencionada atualmente, Oi, pela perspectiva de retomada ou o chamado turnaround no jargão do mercado.

Se mudarmos de segmento como FIIs ou ouro, alguns destes também poderiam estar bem ranqueados, mas a liquidez de negociação sempre foi algo bem discutido até meses anteriores, pois foram mercados que se desenvolveram para o pequeno investidor recentemente. O ouro, no caso, rendeu 282% neste período. Aos que sempre perguntam - e com razão -, a inflação medida pelo IPCA não chegou a 90% no mesmo prazo, enquanto o CDI chega a 160%.

Voltando às ações em específico, algumas das conhecidas do grande público como Lojas Renner, Banco Santander, Lojas Americanas, Itaú e Natura tiveram retorno de 477%, 277%, 244%, 181% e 189%, respectivamente. E por qual razão menciono estas em especial? Pois acredito que para novos investidores um bom caminho a se iniciar na bolsa é dentro destas empresas. Por serem nacionalmente reconhecidas, com histórico de boa gestão e possuírem percentual representativo dentro dos seus respectivos segmentos de negócio. Por outro lado, verifica-se aqui que não necessariamente serão os melhores ativos para se estar alocado no longo prazo ou, melhor ainda, que até poderiam fazer parte de uma carteira diversificada de ações para qualquer investidor.

Vejo que conhecer todo este panorama e avaliar possíveis retornos no longo prazo mostra que a escolha por boas empresas é fundamental para se ter a chamada “carteira ótima”. Por outro lado, afirmo com todas as letras ser impossível dizer quem serão as campeãs da década que se inicia, mas o conhecimento poderá te levar a estar mais próximo delas. Sendo assim é importante conhecer aquilo que se faz com seu próprio dinheiro. Se não deseja estudar a fundo ou não tem tempo para isso, que sejam escolhidos bons gestores de fundos de investimentos em ações para que possam lhe ajudar nessa caminhada da obtenção dos melhores retornos possíveis em relação ao risco apresentado.

Roberto Indech

Roberto Indech é estrategista-chefe da Clear Corretora e sócio da XP Inc. Escreve às terças-feiras **Os textos do colunista não expressam, necessariamente, a opinião da Gazeta do Povo.

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