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Roberto Indech

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Investir em ações de bancos em 2020 é bom negócio?

(Foto: AFP)

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No dia 23 de março o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira e atualmente composto por 75 ativos, atingiu o nível mais baixo de pontuação desde o início da crise da Covid-19 no mercado financeiro. Desde então, muitas ações de empresas brasileiras já se valorizaram de forma expressiva, em especial aquelas do segmento de varejo online, como Via Varejo (332%), Magazine Luiza (183%), B2W (169%) e Lojas Americanas (97%), além de muitas outras que também subiram mais de 100% no mesmo período como Petrobras, Natura, Sabesp, Gerdau, Eletrobras. No entanto, o que tem chamado atenção dos investidores, em geral nestas últimas semanas, são as ações dos grandes bancos brasileiros, que para muitos era um dos principais segmentos da bolsa.

Apenas para informação, no mesmo período dos ativos comentados anteriormente, as ações do Itaú subiram 25%, do Bradesco, 37%, Banco do Brasil, 54% e Santander, “apenas” 22%. E por qual razão isso acontece? São algumas razões, na realidade, como descreverei abaixo; mas vale salientar essa característica: é uma conjunção de fatores.

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A primeira dessas razões seriam preocupações vindas da economia nacional, que deve fechar o ano em um dos piores momentos de sua história e com riscos de aumento significativo de inadimplência. Assim, os bancos que apresentaram seus resultados do primeiro e segundo trimestres até aqui elevaram consideravelmente o valor de sua Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosa (PCLD), um indicador contábil que informa o montante que uma instituição pode perder com clientes inadimplentes. É a estimativa de crédito dos clientes que possuem um risco considerável de não serem quitados.

O segundo ponto se refere ao resultado favorável da votação do projeto de lei que limita os juros nas modalidades de crédito ofertadas por meio de cartões de crédito e cheque especial, ocorrida na semana passada. Apesar de forte divergência de grande parte dos economistas, o projeto foi levado ao plenário do Senado e aprovado por ampla maioria. Por outro lado, para entrar em vigência no país, será necessária uma votação também favorável na Câmara dos Deputados, que segundo os últimos discursos do presidente da casa, Rodrigo Maia, não irá ocorrer enquanto este estiver na cadeira. Inclusive, Maia citou a possibilidade de isso provocar um efeito colateral em outras linhas de crédito, encarecendo e limitando o acesso aos consumidores.

Mais um aspecto que traz dúvidas quanto ao crescimento dos bancos no futuro próximo é a elevação da concorrência, em especial, com a entrada e aceleração dos bancos digitais. Não à toa, os investimentos já realizados e anunciados nas grandes instituições são volumosos a fim de captarem esta onda. Aqui, é importante analisar a capacidade e rapidez da transformação daquelas instituições maiores, ponto sem dúvida levado em consideração por parte do mercado. O próprio Itaú, com a compra de 49% da XP Inc. à época da transação demonstrou que não gostaria de ficar fora deste jogo. Outro fato que atingiu aqueles mais curto prazistas, foi a decisão do Conselho Monetário Nacional (CMN) determinando a diminuição de distribuição de dividendos em 2020.

É importante mencionar que o resultado não se limita apenas a estes aspectos; eles são, entretanto, os que mais impactam os números e geram discussões sobre as teses de investimento. Mesmo diante de todo esse cenário e de percalços que peças importantes do mercado enxergam de maneira negativa no momento, acredito que os bancos podem ser boas oportunidades para o investidor que mira o médio prazo, entre um e dois anos.

Vejo que o pior cenário praticamente já está embutido nos preços das ações e que, em 2021, as grandes instituições voltarão a apresentar melhor rentabilidade e passarão a distribuir dividendos significativos se compararmos com a taxa Selic atual, de 2% ao ano. Portanto, para aqueles que têm paciência e olham investimentos utilizando uma análise mais fundamentada e sem ser de curto prazo, recomendo ir mais a fundo e definir quais estariam mais atrativos em sua visão. Na minha ótica, considero importante a diversificação dentre eles, optando entre aquele que possui a maior possibilidade de retorno se comparado ao risco, aquele de melhor gestão e aquele que esteja mais atrativo no momento, ou seja, Banco do Brasil e Itaú, na minha tese.

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