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Na última quinta-feira, começaram a ser disponibilizadas as BDRs a todos os investidores brasileiros. Para os que desconhecem o tema, BDRs nada mais são do que os recibos de ações negociadas no exterior. Com a nova norma editada pela Comissao de Valores Mobiliarios (CVM) e atualizada pela B3, são atualmente 671 BDRs de empresas dos EUA, Europa e Ásia. E o que isso quer dizer? Que a partir de agora qualquer brasileiro que queira ter parcela de companhias como Facebook, Apple, Amazon, Microsoft, Netflix, entre outros, poderá adquirir diretamente por uma corretora e/ou plataforma digital de investimentos no Brasil, sem a obrigatoriedade de precisar abrir uma conta em uma corretora no exterior.
No entanto, algumas discussões têm sido geradas acerca das vantagens e desvantagens de comprar BDRs aqui no país ou enviar dinheiro para o exterior e adquirir ações diretamente. E como tudo na vida, acredito que tenha prós e contras para ambos os lados. Do lado das vantagens de se investir em BDRs estão: (i) facilidade de operacionalização em comprar direto de uma instituição brasileira; (ii) custos, dado que algumas plataformas digitais de investimento não cobram valor algum pela transação e nem pela taxa de custódia (manutenção); (iii) investimento inicial pode ser de apenas um BDR e (iv) facilidade de inserção na declaração anual do imposto de renda. Já as desvantagens são vistas como: (i) o investidor não se torna sócio diretamente da empresa por comprar um recibo dela. No entanto, na prática, para o pequeno investidor, não considero algo impactante a ponto de tomar decisões contrárias apenas por esta razão; (ii) há a possibilidade de ser cobrada uma taxa de 3% sobre os dividendos distribuídos pelas empresas. Por outro lado, interessante salientar que há companhias, em especial as grandes globais, que não distribuem proventos há anos; (iii) não tem isenção de imposto de renda e (iv) não mitiga um eventual risco Brasil. Um último ponto poderia ser considerado como a baixa liquidez na negociação dos ativos, entretanto, neste caso, apenas nos primeiros dias de negociação “para todos”, os principais ativos tiveram mais de um milhão em volume negociado por dia. E, com o tempo, espera-se que isso possa ser cada vez mais mitigado.
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Se o investidor tomar como decisão comprar ações diretamente por corretoras estrangeiras, poderíamos inserir algumas vantagens como: (i) se tornar sócio da empresa, (ii) possuir alta liquidez na negociação dos ativos, (iii) possuir isenção no pagamento do imposto de renda em vendas até R$35 mil mensais; (iv) mitigar o risco Brasil. No lado das desvantagens temos: (i) imposto sobre herança de 40% no caso de falecimento do detentor das ações, número expressivamente acima do cobrado aqui no país, que é determinado pelos governos estaduais; (iii) há custos de remessa dos recursos ao exterior, conversão do câmbio, IOF e corretagem cobrada sobre as transações. Estes valores irão variar dependendo de qual empresa será selecionada pela remessa e corretagem. Neste caso importante salientar que para aquele que irá enviar recursos e comprar algo próximo entre R$500,00 e R$1000,00 por mês poderá ter a rentabilidade das aplicações mais impactada.
Outro aspecto a ser mencionado pela sua importância é o câmbio entre o Real e o Dólar. Ao longo de 2020 já vemos a moeda brasileira se desvalorizar cerca de 40% e por essa razão grande parte dos BDRs tem performado melhor que a própria ação negociada no país de origem. Em geral, costumamos ver apenas comentários negativos sobre este tipo de risco envolvido aos investidores. Entretanto é deixado de lado as oportunidades que podem ser geradas através dessa relação cambial, sendo muito relevante o acompanhamento desta posição, seja pelo bem ou pelo mal.
Enfim, fica aqui grande parte dos principais pontos que podemos levantar e apresentar aos investidores em geral, não cabendo a mim fazer juízo de valor sobre a tomada de decisão de cada um, mas deixando os pontos positivos e negativos de se investir em ambos.