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Roberto Motta

Roberto Motta

Ideologia

A fraude marxista

Pol Pot: nada, no comportamento do líder de 1,73 metro, fala baixa e pausada e sorriso ambíguo no rosto, indicava que aquele homem era capaz de destruir completamente seu próprio país num período de apenas quatro anos (Foto: Wikimedia Commons) (Foto: )

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Marxismo é uma doutrina obcecada pela ideia da “luta de classes”. A solução marxista para todas as questões é sempre derrubar a classe dominante. Na sociedade marxista ideal não existe propriedade privada. Nada pertencerá a ninguém, nem mesmo ao Estado – toda a propriedade será comum; tudo pertencerá a todos. Quando explicadas a um leigo, de forma clara, essas e outras ideias do marxismo parecem simplórias e infantis. Isso acontece porque essa é sua natureza real. A menos que sejam envoltas em um embrulho de pseudo-cientificismo e mistificação, as ideias marxistas se dissolvem diante de questionamentos simples.

Não é à toa que os “pensadores” marxistas – muitas aspas, por favor – têm o hábito de falar de forma extraordinariamente complicada, usando termos que eles mesmos inventam. A complicação é essencial; ela é a roupa que cobre a nudez intelectual. Vamos lembrar um trecho da Pedagogia do Oprimido, do marxista Paulo Freire: “Na verdade, não há eu que se constitua sem um não-eu. Por sua vez, o não-eu constituinte do eu se constitui na constituição do eu constituído” (Pedagogia do Oprimido, Editora Paz e Terra, 17a edição, 1994, p.41).

 Essa é uma das razões para o apelo e a popularidade do marxismo: ele dá a qualquer pessoa a possibilidade de fingir que entende de filosofia, economia ou qualquer coisa que exija estudo, inteligência e capacidade de reflexão. Basta memorizar meia dúzia de frases com as palavras “revolução”, “opressão”, “dívida histórica” e – para aqueles que precisam produzir máximo impacto - “mais valia”.

O marxismo é um livro de colorir para crianças com desenhos que só podem ser pintados de vermelho. É uma doutrina reducionista, incapaz de ajudar na compreensão do mundo porque ignora princípios básicos da economia, do funcionamento da sociedade e da natureza humana.

Marx viveu durante a Revolução Industrial e não soube interpretar o que testemunhava. Ele acreditava que os operários ficariam cada vez mais pobres e os empresários cada vez mais ricos, até que o sistema capitalista desabaria. A realidade foi outra: graças aos ganhos de produtividade, à evolução da gestão e à criação de um mercado de consumo de massa, a prosperidade capitalista foi compartilhada com a sociedade. Hoje um operário tem acesso a bens com os quais um aristocrata do século 18 nem poderia sonhar. A riqueza foi dividida e a vida de toda a humanidade melhorou.

Jamais houve uma revolução operária como previa o marxismo; todas as revoluções “marxistas” foram projetos de tomada de poder liderados por políticos ou intelectuais de classe média, que usaram o vocabulário marxista para justificar crimes e genocídio. O marxismo continua fornecendo a justificativa intelectual e moral para tiranos, das estepes geladas da Rússia às florestas da América Latina.

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Nenhum ditador marxista acredita em marxismo, claro. Eles usam o marxismo como instrumento de poder, como poderiam usar qualquer outra ideologia. Mas o marxismo tem charme, porque conta com apoio entre os intelectuais. Não é por acaso que a maioria dos intelectuais marxistas depende do Estado para sobreviver – seja como professor universitário, propagandista do regime ou artista engajado que vive do patrocínio estatal de filmes e shows.

É impossível contar o número de vítimas massacradas para que tiranos marxistas triunfassem. No Camboja, o ditador marxista Pol Pot – educado na França – matou o equivalente a 25% da população. Se isso tivesse acontecido no Brasil, 50 milhões de pessoas teriam sido assassinadas. Apesar de tudo isso, o marxismo encontrou no meio acadêmico um refúgio seguro. A teoria marxista é especialmente útil para intelectuais e “especialistas” que precisam se destacar, mas não têm nada a dizer. Basta apelar para o marxismo. Aplicado a qualquer assunto, ele transforma a questão em uma luta revolucionária de oprimidos contra opressores, gerando visibilidade e prestígio instantâneos.

Muitas questões importantes são hoje tratadas quase exclusivamente sob a ótica marxista. O marxismo aplicado a questões étnicas virou a “teoria crítica da raça”. O marxismo aplicado ao direito virou “garantismo penal” e “criminologia crítica”. O marxismo na educação virou a “pedagogia do oprimido”. O marxismo na religião virou a “teologia da libertação”. O marxismo aplicado à sexualidade virou a “ideologia de gênero”.

Apesar do fracasso na economia e na política, as ideias marxistas ainda mantêm hegemonia na cultura, nas artes, no ensino, na mídia, no sistema de justiça e até no mundo corporativo, onde o ideário marxista, embrulhado na linguagem da “responsabilidade social” – ESG e DEI – corrói os princípios da livre iniciativa, a igualdade de oportunidades, a meritocracia, a inovação e a liberdade.

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