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As posições assumidas por alguns políticos brasileiros de esquerda ou de extrema-esquerda em relação a Israel e aos judeus são estarrecedoras. Em todo mundo a esquerda revelou sua face antissemita. Não deveria ser surpresa: todos os regimes totalitários são antissemitas, e o socialismo (ou comunismo, ou “progressismo”) é uma ideologia totalitária que só permite a adoração de um deus: o Estado.
É evidente que não há problema em criticar o atual governo de Israel, liderado pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. Mas a comparação da guerra contra o Hamas – uma guerra onde Israel luta por sua sobrevivência – com o Holocausto não encontra sustentação histórica, lógica ou moral.
A dimensão do que aconteceu aos judeus é incompreensível. A existência de Israel é a garantia de que isso nunca se repetirá.
Essa comparação nunca deveria ter sido apresentada como uma posição de Estado, porque ela não representa a posição da nação ou do povo brasileiro. Trata-se apenas de uma opinião pessoal – e uma opinião equivocada. Achar que o povo judeu é responsável pelas decisões do governo de Israel é como achar que o povo brasileiro é responsável pelas decisões – e declarações – do governo brasileiro. Comparar o Holocausto com uma guerra justa, de autodefesa, é ofender seis milhões de mortos. Esse episódio, ironicamente, acaba reforçando um dos argumentos centrais pela existência de Israel: Israel é a garantia de que o Holocausto nunca se repetirá.
Negar, minimizar ou trivializar a tragédia do Holocausto é trabalhar para que ele aconteça de novo. O termo “negacionista” foi originalmente criado para descrever aqueles que negam que o Holocausto tenha acontecido. Mas poucas tragédias foram tão bem documentadas.
Depois do massacre de civis inocentes pelos açougueiros do Hamas, em 7 de outubro de 2023, o mundo vem assistindo atônito ao ressurgimento do antissemitismo. Antissemitismo é o discurso de ódio contra judeus. Muitas vezes, esse ódio vem disfarçado de antissionismo – uma posição política que nega a Israel o direito de existir. Antissionismo é o antissemitismo vestido com roupas progressistas. Mas se os judeus não são bem-vindos em lugar algum e nem podem ter a sua pátria, o que acontecerá com eles? A resposta é óbvia.
Antissemitismo é o racismo mais antigo da história. Ele é sempre instigado por lideranças fracas, em busca de alguém para culpar por seus fracassos. Não há analogia possível entre o Holocausto e qualquer outro episódio da história. No Holocausto, seis milhões de homens, mulheres, crianças e idosos foram mortos a pancadas, tiros ou sufocados em câmaras de gás simplesmente por serem judeus. Foi organizado um aparato industrial de extermínio – um aparato oficial, estatal, preparado pelo governo de uma das nações mais cultas e educadas da Europa: a Alemanha.
A Alemanha é a terra de pensadores, cientistas, filósofos, escritores e artistas cujos trabalhos tiveram impacto profundo no mundo como Max Weber, Beethoven, Brahms, Einstein, Max Planck, Kant e Nietzsche, para citar só alguns. Antes de 1940, a Alemanha já havia recebido 33 Prêmios Nobel e possuía um dos sistemas educacionais mais avançados da Europa.
É preciso perguntar: como o Holocausto pôde acontecer na Alemanha? Onde estavam os homens de bem do país? Onde estavam os juristas alemães? Onde estava o resto do mundo?
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No dia 19 de abril de 1943, quando tropas alemãs entraram no gueto de Varsóvia para levar mais judeus para os campos de extermínio, começou um levante. Mil e duzentos combatentes judeus, armados com apenas 17 fuzis, enfrentaram os soldados da SS nazista durante três semanas. Quando a resistência foi finalmente vencida, mais de 56 mil judeus foram capturados. Cerca de 7 mil foram assassinados a tiros ali mesmo no gueto, e o restante foi deportado para os campos de concentração. Depois da criação de Israel isso jamais se repetirá.
Eu visitei o Yad Vashem, o Museu do Holocausto de Jerusalém. Ali estão registradas as vidas de alguns dos seis milhões de judeus assassinados pelos nazistas. A parte mais dolorosa foi entrar no prédio dedicado à memória das crianças mortas no Holocausto. No escuro brilha uma única vela, refletida por milhares de espelhos. A dimensão do que aconteceu aos judeus é incompreensível. A existência de Israel é a garantia de que isso nunca se repetirá.
Am Yisrael Chai. O povo de Israel vive.
Conteúdo editado por: Jocelaine Santos