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Fora do governo para construir sua pré-candidatura ao Senado, o ex-chefe da Casa Civil Guto Silva avalia que a candidatura de Rodrigo Pacheco (PSD) à presidência da República, mesmo que não decole, pode ser o melhor caminho para ele e para o governador Carlos Massa Ratinho Junior (PSD) em outubro.
Na visão de Guto, isso evitaria que o governador tivesse que se definir, logo no primeiro turno, entre Jair Bolsonaro (PL) e Sergio Moro (Podemos), afastando o grupo político preterido nesta escolha de seu palanque para a reeleição. Para Guto Silva, Ratinho Junior tem capital político para segurar esse palanque triplo no estado.
Para evitar um disputa interna com Alvaro Dias (Podemos) e com nomes ligados ao presidente Bolsonaro que também aspiram a eleição ao Senado, como Fernando Giacobo (PL), Guto Silva sugeriu, em entrevista à Gazeta do Povo, que a aliança de diferentes grupos políticos, com diferentes candidatos a presidente, em torno do governador Ratinho Junior, abra-se para mais de uma candidatura ao Senado. Confira a entrevista.
Fora do governo, de volta à Assembleia, o que o senhor pretende fazer visando às eleições de outubro que estava impedido de fazer na Casa Civil?
Agora vou me dedicar exclusivamente à pré-candidatura. Ligar a turbina, rodar o Paraná, fazer a articulação política. Agora estou solto para fazer essa condução. Trabalhar com o espírito de arejar os quadros do Senado, levar para lá alguém mais novo, com espírito mais aguerrido, mais dinâmico, que percorra o estado, leve as demandas dos prefeitos, que seja mais conectado com as demandas do estado. Na Assembleia, não pretendo assumir nenhuma liderança, nenhuma comissão. A ideia é ficar mais livre, desafogado, mas, naturalmente, seguirei na base do governador e ajudando nos trabalhos da Assembleia para ajudar o governador a levar as políticas públicas ao estado.
O governador está construindo uma grande aliança de apoio à sua reeleição. E a candidatura ao Senado é um dos postos mais cobiçados pelos partidos com os quais ele tem conversado. Haverá espaço para o PSD ocupar duas das três candidaturas majoritárias?
É uma articulação que depende ainda do quadro nacional. Está muito aberto. O governador não vai fazer nenhum movimento agora, sem saber como se definirá o quadro nacional, se o Rodrigo Pacheco confirma a candidatura, como vai se desenvolver a candidatura do Moro. Como bom governador e sempre prudente, ele vai aguardar toda essa definição. Eu tenho que, paralelamente a isso, construir a minha pré-candidatura, viabilizar-me, buscar o apoio dos prefeitos e, claro, vou trabalhar para ter o apoio do governador, mostrar que poderei ser o senador que poderá fazer essa articulação dele com Brasília, trabalhar próximo ao Governo do Estado. Nesses próximos dois meses, o meu trabalho é me viabilizar e poder me tornar uma boa solução para o governador lá na frente.
E para se viabilizar e ajudar na composição dessa aliança está nos teus planos trocar de partido, para ser o nome de uma outra legenda nesta chapa majoritária?
A questão de majoritária é uma decisão que ajusta só lá na reta final. Eu estou ouvindo os partidos, conversando, dialogando. Ainda tenho que ter essa conversa de forma mais aprofundada com o próprio governador. Mas acredito que uma candidatura arejada, que comece a pontuar nas pesquisas, como uma alternativa do sentimento do paranaense, esse trabalho vai viabilizar o projeto. Então, por esse período todo, vou me dedicar, agora com mais liberdade, para intensificar as costuras, ouvir os partidos e encontrar um caminho para ter viabilidade na disputa. Mas a conversa sobre a questão partidária também se dará depois que tivermos a definição do PSD no quadro nacional.
Como que o governador vai resolver o dilema nacional, com três pré-candidaturas (Pacheco, Moro e Bolsonaro) que esperam o apoio dele. E como essa decisão influencia a disputa para o Senado?
Na questão nacional, pelo que estamos ouvindo, o caminho do partido é a candidatura própria. Até pela sua construção, que, aqui no Sul tem uma orientação mais de centro-direita e, no Nordeste, por exemplo, mais de centro-esquerda. Então, para o partido como um todo, não é interessante apoiar outra candidatura, tender para um lado ou outro dessa polarização, pois prejudicaria os palanques regionais. E o grande objetivo do partido é se consolidar no Congresso, justamente para poder ter fortalecimento interno para ter protagonismo no futuro e ter candidaturas majoritárias mais amarradas. A gente sente que a direção nacional deixará aberta a construção dos palanques regionais.
Na questão do Paraná, neste jogo de centro-direita, teremos três cenários: Rodrigo Pacheco, Moro e Bolsonaro. O governador vai trabalhar para ter uma coalizão, tentar criar esse palanque, uma frente ampla nesse sentido. Não é simples, é complicado, mas vejo que ele está trabalhando nisso. E, assim, as candidaturas para o Senado podem ficar abertas. A solução pode ser deixar que cada grupo dentro dessa coalizão tenha seu candidato ao Senado. Abrir para a disputa mesmo. Eu estou muito confiante. Tenho convicção que haverá um crescimento natural do nome, o que me viabilizará para encarar esse desafio.
Então a candidatura do Rodrigo Pacheco é o cenário mais interessante para vocês. O senhor acredita que com a justificativa de estar preso à candidatura própria do partido, o governador consiga manter “moristas” e “bolsonaristas” em seu palanque, o que seria impossível caso tivesse que optar por um dos dois presidenciáveis?
Fica uma conta difícil de resolver. A candidatura do Pacheco, além da questão partidária, traz essa alternativa. Agora é esperar as definições nacionais até março. Hoje, no Paraná, um dos grandes cabos eleitorais é o governador Ratinho Junior, e ele conseguirá explicar essa situação. O candidato a presidente do partido dele, a candidatura do Moro, que representa o Paraná e muitas das nossas bandeiras de combate à corrupção e a aliança histórica com o presidente Bolsonaro. O Ratinho pode ser um puxador de votos no estado. Isso precisa ser considerado e as articulações, certamente, levarão isso em conta. Acho difícil que deputados desses partidos, por exemplo, queiram caminhar separados do governador.