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O Diretório Estadual do PL do Paraná ingressou com ação de impugnação à diplomação do ex-juiz federal Sergio Moro (União) como senador eleito pelo Paraná. O processo tramita em sigilo, mas tem por base as inconsistências apontadas pela Coordenadoria de Contas Eleitorais do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Paraná na prestação de contas da campanha de Moro. A coordenadoria recomendou a desaprovação das contas eleitorais do ex-juiz.
A ação visa defender os interesses do deputado federal Paulo Martins (PL), segundo colocado na eleição para o Senado no Paraná, em outubro, mas causa um grande embaraço político. Desde a campanha, Moro se reaproximou do presidente Jair Bolsonaro (PL), voltou-se para o eleitor bolsonarista durante o primeiro turno e envolveu-se diretamente na campanha eleitoral do segundo turno, participando dos debates de televisão como principal assessor do presidente. Insatisfeito com a inclinação do União Brasil para a base de apoio do presidente eleito Lula, Moro chegou, inclusive, a abrir conversas para migrar para o PL.
Na noite de quarta-feira, já ciente da ação do PL, Moro reuniu-se com o presidente Bolsonaro para tratar do futuro político de ambos.
Nas redes sociais, Moro comentou a ação, personalizando a iniciativa no presidente estadual do PL, Fernando Giacobo, e em Paulo Martins, a quem chamou de "maus perdedores". Chegou a fazer comparação com o PT. "Soube pela imprensa que Fernando Giacobo, presidente estadual do PL, e Paulo Martins, segundo colocado nas eleições paranaenses, ingressaram com ação buscando cassar meu mandato de Senador. Anote esses nomes. Maus perdedores que resolveram trabalhar para o PT e para os corruptos", escreveu. " Da minha parte, nada temo, pois sei da lisura das minhas eleições. Agora impressiona que há pessoas que podem ser tão baixas. O que não conseguem nas urnas, tentam no tapetão", acrescentou.
Contas de Moro ainda não foram julgadas pela Justiça Eleitoral
A ação do PL baseia-se em parecer técnico da Coordenadoria de Contas do TRE apresentado no processo de prestação de contas do então candidato. Apesar de o parecer recomendar a desaprovação das contas, o processo ainda não foi julgado, cabendo à desembargadora Claudia Cristina Cristofani a decisão pela aprovação ou não das contas. Na última terça-feira (6), o processo foi considerado concluso para a decisão da desembargadora.
No parecer técnico, foram apontadas sete omissões, incongruências e inconsistências nas contas de Moro, mesmo após uma prestação de contas retificadora apresentada pela campanha dele. Nos itens citados, os técnicos do TRE apontam omissão de R$ 5,2 mil em despesas; ausência da prestação de contas sobre rateio de gastos com publicidade com outros candidatos em R$ 61,7 mil; inconsistências nas despesas pagas com fundo partidário em R$ 34,7 mil; inconsistências nas despesas pagas com o fundo eleitoral em R$ 6,9 mil; R$ 162 mil em doações recebidas antes da data inicial de entrega da prestação de contas parcial que não foram informadas à época; despesas de R$ 521 mil realizadas antes da data inicial de entrega da prestação de contas parcial que não foram informadas à época; e diferença de R$ 281 mil entre informações de despesas apresentadas na prestação de contas final em relação aos mesmos gastos informados na prestação de contas parcial.