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Lula e a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, em cerimônia de reativação das atividades de fábrica de fertilizantes em Araucária (PR).
Lula e a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, em cerimônia de reativação das atividades de fábrica de fertilizantes em Araucária (PR).| Foto: Ricardo Stuckert/Presidência da República

Lula visitou o Paraná na última quinta-feira e participou de eventos esvaziados em Araucária e São José dos Pinhais. A visita só ganhou os jornais porque o presidente chorou ao lembrar a prisão, ofendeu este colunista, chamando-me de “insignificante”, e desqualificou o Ministério Público, denominando o grupo da Lava Jato de “quadrilha”.

Tudo de errado na visita.

Lula, em Araucária, participou de cerimônia de reinauguração da fábrica de fertilizantes Ansa, com investimentos da Petrobras. A fábrica estava parada desde 2020 e receberá, segundo o governo, recursos de R$ 870 milhões para voltar a funcionar em 2025. Empregos e fertilizantes são bem-vindos, mas a fábrica, reestatizada em 2013, apresentava prejuízos de R$ 3,5 bilhões, o que levou ao encerramento de suas atividades em 2020. Na prática, o governo federal retoma a expansão de sua atuação direta no domínio econômico, apostando em estatais e não na criação de um ambiente saudável para o desenvolvimento através do setor privado. A fábrica dava prejuízo e nada indica que o mesmo não ocorrerá agora. O final dessa história não será bom, pois o investimento não é sustentável.

Lula deveria pedir perdão ao Paraná, não só pelos descalabros de seu governo atual, mas por discriminar o estado na reforma tributária

Em São José dos Pinhais, Lula esteve na fábrica da Renault. Veio anunciar obras de pavimentação em trecho da Estrada da Boiadeira. Investimentos são bem-vindos, mas é digna de nota a cara de pau do presidente ao realizar essa visita. É que, recentemente, na reforma tributária aprovada no Congresso, ele foi o grande responsável pela inserção de incentivos fiscais para a instalação de montadoras de automóveis no Nordeste. Nada contra o Nordeste, mas os incentivos representam competição desleal com as montadoras do Sul e Sudeste, prejudicando, por exemplo, a Renault. Lula quer tirar as montadoras do Paraná? Votei contra essa aberração no Senado, mas o governo Lula atuou para que ela fosse aprovada, de maneira paradoxal, na “reforma que iria acabar com a guerra fiscal”.

Houve quem sugerisse que o Paraná deveria pedir perdão a Lula pelo seu tempo de cadeia em Curitiba, devido aos crimes descobertos pela Lava Jato. Ora, ao contrário do que disse em seu discurso, Lula jamais provou a sua inocência. Foi beneficiado por um erro judiciário do STF que anulou as condenações por motivos meramente formais. Em realidade, as decisões devem ser compreendidas no cenário de retrocesso político no combate à corrupção nos últimos anos.

É Lula quem deveria pedir perdão ao Paraná, não só pelos descalabros de seu governo atual, mas por discriminar o estado na reforma tributária. Lula pode até vir aqui, mentir e me ofender. Já estamos acostumados. Entretanto, deveria, no mínimo, tratar o Paraná com respeito, garantindo benefícios pelo menos iguais aos que concede a outros estados. Nada justifica conceder incentivos fiscais regionais ao Nordeste em prejuízo da indústria automobilística paranaense. E não se enganem: aberta a exceção na reforma tributária, outras devem vir no futuro. Lula não gosta do Paraná e deve perdão aos paranaenses.

Conteúdo editado por:Marcio Antonio Campos
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