O estudo Livro Azul da Infraestrutura 2024, realizado pela Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), projeta que o setor privado investirá R$ 372,3 bilhões no Brasil entre 2025 e 2029. Esses valores são impulsionados por concessões e parcerias público-privadas (PPPs) nos âmbitos federal, estadual e municipal.
O número representa um crescimento de 63,4% em relação ao ciclo anterior (2024 a 2028). A alta foi impulsionada principalmente pelo setor de saneamento básico, que passa por um forte crescimento desde o Novo Marco do Saneamento, em 2020. Especificamente no setor, o aporte de recursos privados registrou aumento de 147,8% do ciclo anterior para 2025-2029, atingindo R$ 143,5 bilhões.
A privatização da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) pelo governo Tarcísio de Freitas (Republicanos), em julho do ano passado, atraiu R$ 66 bilhões para o segmento. Dois grandes projetos nos estados de Sergipe e do Piauí, além da segunda PPP da Sanepar (Companhia de Saneamento do Paraná) também contribuíram com os números.
Já para o biênio 2025-2026, espera-se novos leilões em Pernambuco, Paraíba, Pará, Rio Grande do Norte, Goiás e Maranhão, somando mais de R$ 90 bilhões em investimentos no período.
Rodovias ganham fôlego, enquanto portos e mobilidade urbana seguem em expansão
Na sequência, impulsionando os investimentos privados no país, vem o setor de rodovias, que cresceu 66,7%, com R$ 116,2 bilhões calculados para o ciclo de 2025 a 2029. Somente os leilões em 2024 somam R$ 70 bilhões em novos investimentos para os próximos anos, em diversos estados. Em São Paulo, por exemplo, a Nova Raposo, o Lote Sorocabana e o Lote Litoral Paulista somam R$ 20,9 bilhões.
Em terceiro lugar, o segmento de portos foi o que mais cresceu entre os ciclos: 36,5%, alcançando R$ 21,3 bilhões. O destaque foi o leilão dos terminais REC8, REC9, REC1, RIG10 e RDJ06, e há ainda a expectativa do leilão do terminal ETC 02, que aumentará a capacidade de transporte de minério de ferro pelo porto de Itaguaí, no Rio de Janeiro.
O setor de mobilidade urbana vem logo depois, com crescimento de 33,8%, para R$ 26,9 bilhões de investimentos no ciclo 2025-2029. Projetos como trens urbanos, veículos leves sobre trilhos (VLTs) e metrôs avançaram principalmente na região Sudeste, evidenciando a necessidade de projetos semelhantes em outras regiões do país. Em São Paulo, destacam-se o Lote Alto Tietê e o Lote ABC Guarulhos.
Outro destaque ficou com o setor de infraestrutura social, que engloba projetos de saúde, educação, habitação e lazer. Enquanto o estado de São Paulo realizou leilões de PPPs Novas Escolas, com R$ 2 bilhões em investimentos, o governo do Tocantins fez o leilão de PPP do novo Hospital da Mulher e Maternidade Dona Regina, com R$ 470 milhões.
Desafios persistem em aeroportos e ferrovias, que apresentou retração
Em penúltimo lugar na lista de investimentos privados vem o segmento de aeroportos, com crescimento baixo de 4,4%, para R$ 9,5 bilhões. A principal alta ocorreu entre 2019 e 2022, quando foram licitados 49 terminais aeroportuários, e há expectativa de que ocorram leilões de aeroportos regionais em 2025.
Em último lugar, como a única área que apresentou retração, aparece o setor de ferrovias, com queda de 2,9% no valor dos investimentos, atingindo R$ 46,6 bilhões. A queda só não foi maior devido ao leilão do trem intercidades (TIC) eixo norte, que liga Campinas a São Paulo. Para 2025, o governo Tarcísio promete realizar o leilão do TIC eixo oeste, de São Paulo a Sorocaba, com investimentos de R$ 10 bilhões.
Para destravar o setor, peça-chave para a transição energética, o estudo da Abdib sugere que "é fundamental a conclusão dos processos de renovação da Ferrovia Centro Atlântica (FCA) e da Malha Sul". Além disso, "é preciso avançar na divulgação do Plano Nacional de Ferrovias, em estruturação no Ministério de Transportes, onde, segundo as primeiras informações, são estimados R$ 200 bilhões em investimentos", afirma o órgão.
Investimentos em infraestrutura estão muito aquém do ideal
O Livro Azul da Infraestrutura 2024 aponta que, apesar do crescimento dos investimentos tanto públicos quanto privados observado em 2024, ele ainda está aquém do ideal. Para o último ano, a Abdib havia projetado investimentos de R$ 259,3 bilhões em 2024 – o equivalente a 2,22% do PIB – ante uma necessidade de 4,31%.
"Por isso, faz-se necessário aumentar os investimentos públicos em infraestrutura, em complemento ao investimento privado, seja através da aplicação direta, seja via PPPs, notadamente em projetos estruturantes e naqueles que, pela falta de retorno econômico, não atraem o capital privado", diz a publicação.
Para Claudio Roberto Frischtak, consultor da InterB, especializada em infraestrutura e negócios, uma das maneiras de aumentar a atração do capital privado é por meio do fortalecimento das agências regulatórias. Neste sentido, em 2024 o governador Tarcísio de Freitas criou a SP-Águas e reestruturou a Artesp e a Arsesp, ponto considerado estratégico para que os leilões realizados pelo governo do estado fossem bem-sucedidos.
"Tem uma combinação em São Paulo de agências reguladoras que funcionam de maneira específica, como a Artesp, que é uma boa agência e agora vai melhorar. Além da previsibilidade regulatória, há uma estabilidade no direito que permite ao estado ser muito atraente no âmbito de concessões", diz Frischtak.
Apesar dos avanços, o Brasil ainda enfrenta o desafio de ampliar os investimentos em infraestrutura para atingir níveis considerados ideais. Motores essenciais para o desenvolvimento econômico e social do país, eles aumentam a produtividade, geram empregos e melhoram a competitividade brasileira no cenário global.
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