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Não ficção

Livro destrincha a “guerra” dos videogames

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Nos anos 1990, uma batalha pelo interesse do público marcou o mundo dos videogames.

Ela envolvia a japonesa Sega, do mascote Sonic (um ouriço simpático e veloz), e a incomparavelmente maior e também japonesa Nintendo.

A disputa se estende até hoje – e agora envolve a Sony (Playstation) e a Microsoft (X-Box) –, por um mercado de bilhões de dólares.

Os bastidores desse embate entre Sega e Nintendo anima as páginas de “A Guerra dos Consoles – Sega, Nintendo e a batalha que definiu uma geração” (Intrínseca), livro recém-lançado no Brasil e que vai virar filme e documentário.

“É curioso pensar que, em muitos momentos, a disputa não foi entre Sega e Nintendo e sim entre a Sega do Japão e a Sega dos Estados Unidos, liderada por Tom Kalinske [executivo que trabalhava na Sega dos EUA e é protagonista incidental do livro]”, diz o autor, Blake J. Harris. “Isso incluiu diferentes pontos de vista sobre marketing e até mesmo sobre postura, que revelavam grandes diferenças culturais entre os dois lados da mesma empresa. Era uma época ao mesmo tempo inocente e selvagem de uma indústria que não tinha muitas regras e ainda não envolvia cifras tão altas quanto hoje. Por isso, havia mais riscos, mais loucuras.”

No começo daquela década, a Nintendo (que até os anos 1960 era uma empresa de baralhos) tinha a força, dominando 90% do mercado de videogames, e um mascote popularíssimo, o bigodudo Super Mario Bros.

Para tentar enfrentá-la, a pequena Sega mandou um representante ao Havaí em 1990 para contratar Kalinske, em meio às férias dele.

Mesmo sendo um leigo em jogos eletrônicos – vinha de uma bem-sucedida passagem pela multinacional de brinquedos Mattel, onde ajudou a ressuscitar seu maior produto, a boneca Barbie – ele aceitou o desafio.

Sem muito a perder, Kalinske incorporou o papel de Golias na batalha e, mesmo pouco familiarizado com um controle, passou a atuar com a agressividade de um lutador de “Mortal Kombat”. Com uma atuante equipe de marketing, investiu na ideia (exagerada) de que a Nintendo era para crianças e a Sega para adolescentes – uma estratégia que acabaria por ampliar o campo de ação dos videogames, hoje considerados não apenas entretenimento também para adultos, mas muitas vezes uma forma de arte.

“Essa divisão gerou uma rivalidade, parecida com a batalha entre Coca-Cola e Pepsi ou mesmo, retrocedendo mais, entre Beatles e Rolling Stones. E o público de videogame, sempre muito apaixonado, acabou por incorporá-la”, diz Harris, que fez cerca de 300 entrevistas para o livro, ao longo de três anos.

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