Uma boa cicatrização também leva em conta fatores externos, como higiene e proteção da ferida, e internos, como genética.
Uma boa cicatrização também leva em conta fatores externos, como higiene e proteção da ferida, e internos, como genética.| Foto: Shutterstock
  • Por Dr. Leonardo Pereira Fernandes - CRM-PR: 30904 - Cirurgia Plástica RQE: 2732
  • 27/09/2021 17:46

Uma das principais dúvidas levantadas pelos pacientes que se submetem a uma cirurgia plástica, sem dúvida é sobre o processo de cicatrização.

Por se tratar de um procedimento também estético, nesse tipo de cirurgia, o cirurgião plástico procura deixar o mínimo de marcas possíveis. No entanto, sem os cuidados adequados, a probabilidade do surgimento de cicatrizes mais visíveis aumenta.

Nesse sentido, o pós-operatório é decisivo para a recuperação e qualidade do resultado.

Mas afinal, o que é a cicatrização?

Processo habitual de recuperação do tecido

A cicatrização é uma ação natural do corpo, com o objetivo de reparar os tecidos lesados por uma cirurgia, ferimento ou trauma, através da produção de fibras de colágeno na região afetada.

Em algumas situações, essa produção pode acontecer de forma desordenada e a consequência é o surgimento de uma cicatriz com aparência desagradável.

Tipos de cicatrizes mais comuns

Em uma cirurgia plástica, existem as cicatrizes que desaparecem normalmente com o tempo, assim como existem aquelas com produção excessiva de colágeno, as hipertróficas.

No segundo caso, as marcas não ultrapassam os limites da ferida inicial e apresentam uma textura levemente elevada.

Há também as formadas por queloides. Essas são as mais complicadas, pois as elevações apresentadas ultrapassam os limites da ferida inicial, deixando um aspecto indesejável.

Por fim, as cicatrizes retraídas, chamadas assim porque apontam uma tensão, repuxando os tecidos na área onde se localizam e restringindo movimentos normais da região.

Fases da cicatrização

O sucesso de um procedimento cirúrgico não depende apenas do desempenho do médico, mas também dos cuidados do paciente no pós-operatório e da resposta do organismo e dos tecidos.

Por isso, além de seguir todas as recomendações, é fundamental respeitar e entender as fases do processo de cicatrização, para alcançar o melhor resultado.

Durante a recuperação, observamos 3 fases que se sobrepõem. São elas:

Inflamatória: inicia no momento da lesão e pode durar dias (dependendo do tamanho da área e da natureza da ferida). Nessa fase, a região pode apresentar vermelhidão, edema e dor.

Proliferativa: tem início por volta do terceiro dia após a lesão e continua por  semanas. Nessa etapa, células chamadas fibroblastos iniciam a produção de colágeno (processo de fibroplasia).

Maturação: inicia por volta da terceira semana e tem tendência de estabilização por volta de 12 meses ou mais. Nesse ponto do processo, a cicatriz reduzirá seu tamanho e passará por uma remodelação do colágeno, ganhando resistência.

Como funciona

O processo de cicatrizaçãoé uma reação natural do organismo, buscando manter a integridade da pele sempre que algo rompe com ela. Quando isso ocorre, fatores orgânicos se unem para recuperar o tecido.

Por isso mesmo, após uma cirurgia plástica, esse fluxo acontece normalmente, para regenerar a região da pele afetada com a incisão.

Não existe uma fórmula pronta, pois cada organismo responde de uma forma. Justamente por isso é preciso levar em consideração uma série de fatores capazes de influenciar diretamente a evolução dos acontecimentos. São eles:

  • Idade;
  • Estado nutricional;
  • Doenças crônicas pré existentes (diabetes, hipertensão, entre outras);
  • Terapia medicamentosa;
  • Tratamento tópico inadequado.
Uma boa cicatrização também leva em conta fatores externos, como higiene e proteção da ferida, e internos, como genética.
Uma boa cicatrização também leva em conta fatores externos, como higiene e proteção da ferida, e internos, como genética.| Shutterstock

Cuidados para uma boa cicatrização

Seja qual for o tipo de cirurgia plástica, é preciso adotar alguns cuidados decisivos para a cicatrização adequada da pele e a tentativa de alcance do resultado almejado, seguindo todas as orientações do médico.

Pacientes devem adotar uma alimentação adequada à base de refeições leves, ingeridas em pequenas quantidades ao longo do dia, a fim de evitar enjôo.

A hidratação também é um fator importante. Por isso, é preciso beber, pelo menos, 1,5 litro de água por dia.

A troca de curativos deve ser feita no consultório, em todas as datas solicitadas pelo cirurgião. Também é fundamental tomar os medicamentos receitados, nas doses e horários indicados, para evitar dores e infecções.

Os equipamentos de proteção como cinta, sutiã ou dreno, por exemplo, não podem ser retirados até autorização do médico.

É preciso evitar exercícios físicos, principalmente no período em que existem pontos e grampos. O médico indicará quando é possível voltar a se exercitar.

Qualquer medicação que não tenha sido receitada pelo cirurgião deve ser evitada. Nesses casos, é preciso falar com ele para saber se a substância em questão prejudicará ou não a recuperação.

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Em casos de medo

Algumas pessoas ainda sentem medo de cirurgias plásticas e isso é perfeitamente normal.

Se você é uma dessas pessoas, se tranquilize. A primeira coisa a fazer é procurar um cirurgião capacitado e experiente. Verifique se esse médico está na lista de profissionais indicados pelo Conselho Federal de Medicina.

Esclareça todas as suas dúvidas com o cirurgião, ele é a pessoa certa para isso. Verifique tudo e siga todas as recomendações no pré e pós-operatório.

Além disso, o avanço da medicina e consequente aperfeiçoamento das técnicas cirúrgicas também é motivo para ajudar a manter a tranquilidade, já que os procedimentos estão cada vez mais seguros.

Dr. Leonardo Pereira Fernandes, cirurgião plástico (CRM/PR 30904, RQE 2732). É também membro internacional na Sociedade Americana de Cirurgiões Plásticos (ASPS, na sigla em inglês).