A performance de Marcel Malczewski no mundo dos negócios é inspiradora. Recém-formado, fundou uma empresa com o colega de mestrado em uma incubadora tecnológica quando o termo startup não existia. Ao longo de mais de 20 anos de atividades, a Bematech recebeu investimentos de todos os níveis: de anjo a fundos, passando por aporte do BNDES até chegar ao mercado de capitais e culminar na fusão com uma das gigantes do segmento de sistemas digitais de gestão e automação empresarial.
“Parece que tudo foi muito fácil, mas exigiu muito trabalho. Não há empreendedor de sucesso que não tenha apanhado muito”, relembrou Malczewski, durante a palestra de abertura do primeiro PME em Pauta de 2015, realizado pela Gazeta do Povo em parceria com a Endeavor, na última terça-feira (18), no Centro de Eventos da Fiep, em Curitiba.
A participação de um empreendedor e hoje investidor em novos negócios trouxe lições importantes para quem está diante de uma empresa e busca apoio financeiro. Desde 2009, quando deixou a presidência da Bematech, Malczewski também atua do outro lado do balcão, como investidor. Sua estratégia de seleção dos candidatos é uma boa cartilha para a formatação das empresas nascentes. Ele tem na carteira mais de dez empresas, entre negócios que apoia via fundos ou como investidor-anjo, em que o aporte médio gira em torno de R$ 300 mil por empreendimento.
No papel de investidor, a avaliação estratégica também é permanente, até para quem se diz conservador. “Sempre dizia que não investiria em startups pelo alto risco, por saber o tamanho da encrenca. Mas o cenário mudou nos últimos anos e hoje invisto em seis empresas desse modelo”, diz.
Avaliação
Uma grande ideia, porém, não é suficiente para fazer o investidor colocar a mão no bolso. Antes de fazer o cheque, Malczewski avalia o mercado, o potencial da oferta e o perfil do empreendedor que pretende apoiar. A análise começa pelo mercado. Como a intenção é entrar no negócio, acelerá-lo e sair lá na frente, é preciso atuar em uma área que tenha fôlego para a aceleração e bons resultados no futuro. “Isso vai depender bastante da oferta. Quanto mais inovadora e com potencial de liderança, melhor”, diz. Mas nada disso vai adiantar se o perfil do empreendedor não for ideal. Para Malczewski, é preciso comprometimento. Com as características certas, o empreendedor pode transformar uma ideia mediana em um grande sucesso.
A organização do negócio entra na avaliação do investidor. A estrutura de governança, com demonstrações financeiras transparentes e bem organizadas serão essenciais para o desenvolvimento da empresa. Estar adequado desde o início é uma vantagem no mercado. A mentoria também qualifica o empreendimento. “Quando o investidor coloca a mão na massa, dá as orientações e faz os ajustes necessários, os riscos são reduzidos e a chance de retorno é maior”, diz.