Ouça este conteúdo
O ex-CEO das Lojas Americanas Miguel Gutierrez foi preso na manhã desta sexta-feira (28) em Madri, segundo informações da Polícia Federal (PF). Ele é um dos alvos da operação, realizada nesta quinta (27), que investiga a movimentação de R$ 25,3 bilhões em fraudes contábeis. O grupo empresarial pediu recuperação judicial no ano passado após reportar dívidas de R$ 43 bilhões.
Por estar fora do país, o nome de Gutierrez havia sido incluído na difusão vermelha como foragido. De acordo com a Interpol na Espanha, a prisão foi feita pela unidade de fugitivos da Polícia Nacional da Espanha.
Na decisão em que concedeu a prisão preventiva, a 10ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro determina que sejam instaurados "os procedimentos legais atinentes ao pedido de extradição". A ex-executiva Anna Christina Ramos Saciali (diretora), que também aparece como uma das suspeitas nas fraudes bilionárias da empresa, ainda é procurada pela polícia.
O diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, disse que a justiça brasileira vai pedir ao governo da Espanha a extradição de Gutierrez. Porém, Rodrigues teme que como o ex-CEO tem cidadania espanhola pode ser mais difícil.
"Ele tem dupla cidadania e a Espanha não extradita os seus nacionais. Temos que respeitar todos os trâmites da legislação brasileira, obviamente, e da legislação espanhola. Já entramos com pedido de prisão preventiva e extradição para o Brasil", disse o diretor da PF, em entrevista à GloboNews.
A PF informou que Gutierrez deixou o Brasil em 29 de junho de 2023, após instauração do inquérito pela PF e depois da criação da CPI sobre o tema no Congresso. A CPI das Americanas foi encerradas sem apontar os possíveis culpados pela fraude de R$ 20 bilhões na varejista.
VEJA TAMBÉM:
Crise na Americanas
As investigações contra ex-executivos da Americanas se iniciaram no ano passado a partir de informações da própria varejista, do Ministério Público Federal (MPF) e da Comissão de Valores Mobiliários. Os executivos teriam fraudado relatórios contábeis e recebido informações privilegiadas para vender ações da empresa dias antes do pedido de recuperação judicial.
Segundo a PF, também foram revelados fortes indícios da prática do crime de manipulação de mercado, uso de informação privilegiada, também conhecida como “insider trading”, associação criminosa e lavagem de dinheiro. Os crimes podem gerar uma pena de até 26 anos de prisão.
À Gazeta do Povo, a Americanas informou que reitera a confiança nas autoridades que investigam o caso e reforça que "foi vítima de uma fraude de resultados pela sua antiga diretoria, que manipulou dolosamente os controles internos existentes". "A Americanas acredita na Justiça e aguarda a conclusão das investigações para responsabilizar judicialmente todos os envolvidos", completou na nota à reportagem.