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Ricardo Nunes (MDB) faz suspense para escolha do vice em sua chapa.
Ricardo Nunes (MDB) faz suspense para escolha do vice em chapa à reeleição| Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), ainda não bateu o martelo sobre a escolha do seu vice para disputar a reeleição na capital paulista. O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) indicou o coronel Mello Araújo (PL) para a vaga de vice, mas o nome não foi oficializado.

Além de Araújo, Milton Leite (União Brasil), Aldo Rebelo (sem partido) e Sonaira Fernandes (PL) correm por fora pelo posto na chapa de Nunes. A indecisão que se arrasta há meses pode ser uma estratégia do prefeito de São Paulo para impulsionar o seu nome na pré-campanha.

Apesar de contar com Avante, Agir, Solidariedade, PL, PP, Republicanos e MDB, Nunes ainda não tem um vice definido. Em entrevista à Exame, ele respondeu que deve esperar as convenções partidárias, que ocorrem entre 20 de julho e 5 de agosto, para oficializar a chapa à reeleição.

"Sempre as decisões de vice ocorreram próximos das convenções partidárias. Nesse ano, em especial, o tema se antecipou porque o rapaz que deve ser o meu adversário [Guilherme Boulos] teve o presidente Lula, de forma democrática, decidindo quem seria o nome", ironiza o prefeito.

Como nenhum candidato foi descartado, todos seguem trabalhando em nome de Nunes para seguir na disputa pela vaga de vice

O presidente nacional do PP, senador Ciro Nogueira, que faz parte do grupo partidário em apoio a Nunes, afirmou à Gazeta do Povo que, apesar da demora, confia na escolha do prefeito. "Confio que no momento correto ele vai anunciar", disse Nogueira. O PP tentou emplacar dois deputados para vice de Nunes: o deputado estadual delegado Olim e o deputado federal coronel Telhada, mas nenhum dos nomes ganhou força nos bastidores.

De acordo com aliados do prefeito no MDB, o PL segue com a preferência para indicação do candidato a vice-prefeito da maior capital do país. O partido conta com maior tempo de televisão, além da maior cota no fundo partidário, e escolhendo um nome ligado à sigla, o prefeito desfrutará também do apoio de Bolsonaro durante o pleito.

"O nome do vice vai sair em junho, após uma série de conversas com todos nossos aliados", disse Baleia Rossi, deputado federal e presidente nacional do MDB.

PL quer nome ligado à segurança pública para vice de Nunes

Além do ex-comandante da Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) coronel Mello Araújo, outro nome ligado à segurança pública que ganha força dentro do PL é o de Raquel Gallinati. Ela é diretora Associação de Delegados de Polícia (Adepol) e ex-presidente Sindicato dos Delegados de Polícia do estado de São Paulo (Sindpesp).

Parte da cúpula do PL defende que uma mulher deve ocupar a vaga de vice na chapa de Nunes. Outro nome que desponta no partido é da ex-secretária de Políticas para Mulher e vereadora Sonaira Fernandes (PL), que trocou recentemente o Republicanos pelo Partido Liberal em uma cerimônia que contou com a presença de Bolsonaro e também do prefeito de São Paulo.

Para pessoas próximas de Nunes, a estratégia serve de contraponto a escolha de Marta Suplicy (PT), que retornou ao Partido dos Trabalhadores após acordo com Lula para ser a vice na chapa do deputado federal Guilherme Boulos (Psol).

Filiada ao partido dos trabalhadores há dois meses e sem cargo após deixar a Secretaria de Relações Internacionais da gestão Ricardo Nunes, a ex-prefeita de São Paulo trabalha para impulsionar o nome do pré-candidato a prefeito da coligação de esquerda.

Nunes tenta convencer União Brasil e PSDB a integrar coligação

Aliado de longa data do prefeito da capital paulista, o vereador e presidente da Câmara dos Vereadores de São Paulo, Milton Leite, do União Brasil, segue com as articulaões políticas para ser vice na chapa de Ricardo Nunes.

Para conseguir compor a chapa do prefeito, Leite precisa convencer o correlegionário Kim Kataguiri (União Brasil), que afirma ser o pré-candidato a prefeito de São Paulo pela sigla desde o ano passado. Leite é presidente municipal do partido e cabe a ele a decisão de lançar Kataguiri como candidato.

“Um erro grotesco do MDB tentar derrubar minha candidatura. Apenas enfraquecem a direita e fortalecem a extrema-esquerda. Deveriam estar preocupados em combater Guilherme Boulos, não em me derrubar”, rebateu Kataguiri em entrevista à Gazeta do Povo.

Com o PSDB, a negociação também enfrenta obstáculos, principalmente pela ala tucana que não aceita a coligação com o candidato apoiado pelo ex-presidente Bolsonaro e prefere se aliar a pré-candidata e deputada federal Tabata Amaral (PSB). Outros tucanos defendem a continuidade da gestão Bruno Covas, ex-prefeito pelo PSDB, que faleceu aos 41 anos no início do segundo mandato em 2021. Assim, o apoio tucano seria dirigido a Nunes, que foi vice de Covas, independente de quem ele escolha para compor a chapa.

Aldo Rebelo tem apoio do secretariado de Nunes e do governador Tarcísio

O secretário de Relações Internacionais da prefeitura de São Paulo, Aldo Rebelo, que no momento está licenciado do PDT, é um dos nomes que vem ganhando força para assumir a cadeira de vice de Nunes, apesar do passado em governos petistas. Parte do secretariado da capital paulista e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), apostam em Rebelo como um nome conciliador e ligado ao agronegócio.

Em entrevista à Gazeta do Povo, Aldo Rebelo desconversou sobre a possibilidade de se filiar a um novo partido para se lançar como vice. “Porque iria [para outro partido]? Eu não posso achar nada. Eu não vou me candidatar. Só posso me manifestar diante de uma uma situação concreta que a mim não foi posta e, portanto, seria ultrapassar o limite da minha competência comentar sobre uma hipótese dessa”, respondeu.

Rebelo avalia que o prefeito tem um desempenho muito bom na pré-campanha e se aproxima das áreas mais periféricas da cidade de São Paulo. “Eu vi uma matéria dizendo que ele [Nunes] vai muito bem na periferia, enquanto o adversário [Boulos] dele faz um esforço na direção dos empresários. Assim está bom. Deixa o adversário dele se aproximar da Faria Lima e ele se aproximar da periferia”, analisa.

Apesar das décadas em partidos de esquerda, Rebele afirma que possui uma boa relação com todas frentes da política nacional. “Eu dialogo com todo mundo. Eu não tenho portas fechadas por razões ideológicas para conversar com ninguém. Fui líder do governo do presidente Lula e conversava muito bem com a oposição. Até hoje, tenho amigos que eram da oposição”, recorda o secretário.

Mas Rebelo nega que teria alguma influência na escolha do nome do vice-prefeito na chapa à reeleição de Nunes. “Não posso aconselhar o prefeito a escolher nomes. Ele tem condições com os partidos que o apoiam. Eu sou amigo da Marta Suplicy, sou padrinho de casamento dela aliás, mas agora nós estamos em campos diferentes e respeitosamente, no momento, somos adversários.”

Até quando o assunto é o agronegócio, Rebelo declara que sua presença não é necessária na campanha do atual prefeito. “Acho que o setor já apóia o Ricardo Nunes. Não tem como apoiar o outro lado, que é hostil à agricultura e à agropecuária no Brasil”, responde.

Cientista política diz que estratégia de Nunes para escolha de vice é arriscada

Professora e cientista política da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), Denilde Holzhacker, elenca três pontos que podem prejudicar Nunes ao adiar a escolha de um nome como vice. “É uma estratégia arriscada. Primeiro pela estruturação da campanha. Em segundo lugar, ele cria várias expectativas com aliados que podem gerar num momento crucial da campanha problemas a serem negociados. O terceiro ponto é que o Boulos tem a vice definida. A Marta já está em campanha. Então, esses três elementos podem ter consequências na candidatura de Ricardo Nunes", pontuou Holzhacker.

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