“Arquitetura é escala humana”, diz Arthur Casas em palestra promovida pelo CAU-PR

"Lembro de ver o projeto de uma sala de jantar para dez pessoas com doze metros. O que você faz com doze metros em dez pessoas?" O questionamento, quase uma provocação, foi levantado pelo multipremiado e multifacetado arquiteto Arthur Casas durante palestra promovida pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Paraná (CAU/PR) durante a CASACOR. Responsável pelo design de produtos e mobiliário até projetos de residências, edifícios e competições públicas, o profissional esteve em Curitiba para falar sobre as diversas escalas da arquitetura.

Numa exposição acompanhada por público formado por profissionais da área, Casas fez um "passeio" por alguns de seus trabalhos, desde projetos comerciais até o premiado Ícaro Jardins da Graciosa, marco do uso da biofilia no mercado brasileiro e pautado pelo respeito à escala humana e ao entorno, característicos do seu trabalho. Mereceram destaque também projetos de requalificação, como o Hotel Emiliano, no Rio de Janeiro, realizado em 2017, e a Praça da Sé, em São Paulo, na qual seu escritório trabalha atualmente.

Ponto de contato entre todos, Casas defendeu que "a arquitetura hoje, em qualquer escala, tem que pensar a escala humana", seja em propostas que valorizem a experiência e despertam sensações (tanto em lojas, restaurantes, quanto em projetos residenciais) até a observação de elementos essenciais ao bem-estar, com a presença de luz natural e a relação com o verde.

Ao ser questionado sobre as escolhas e renúncias necessárias durante a execução de um projeto, Casas brincou ao afirmar que "é como fazer uma pizza: você não pode colocar todos os ingredientes de que você gosta num mesmo preparo", e aconselhou, "pare antes de empetecar muito, uma casa não é isso".

O CAU deve promover mais uma palestra durante a CASACOR, desta vez com o também arquiteto Felipe Hess, no dia 18 de julho. Os eventos, de acordo com o presidente do Conselho, Milton Zanelatto, pretendem fazer a importante ponte entre arquitetura e sociedade. "Por vezes as pessoas acham que a arquitetura está lá numa ponta distante, num escritório fechado, mas ela está também na realidade do dia a dia isso nos inspira a levar à comunidade novas iniciativas para termos cidades melhores, sem perder a escala humana", destacou.