Como despertar o prazer pela leitura e fazer com que alunos de cursos técnicos possam se interessar pela literatura? Como desenvolver nos estudantes a capacidade de analisar informações de forma reflexiva, questionadora e independente? Como formar a consciência crítica desses jovens?
Esses foram alguns dos desafios abraçados por Samara Lima, professora do Instituto Federal Goiano, localizado em Campos Belos (GO), cidade com menos de 20 mil habitantes, a 350 km de Goiânia. Segundo ela, o foco prático dos cursos técnicos da região (com o propósito de formar pequenos agricultores ou comerciantes), aliado à falta de conexão entre a literatura e suas áreas de estudo, muitas vezes, acaba resultando em estudantes desinteressados – e até mesmo indiferentes ao conhecimento passado em sala de aula.
“Eu já tive estudantes que diziam: professora, por que que eu vou ficar lendo um livro se eu vou para a fazenda, se eu vou puxar a enxada, se eu vou dirigir um trator e cuidar da plantação? Muitos dos meus alunos não enxergavam utilidade naquilo que estava sendo ensinado, e aí é que entra o meu trabalho de trazer a literatura pro mundo deles. De fazer com que eles se identifiquem com personagens ou situações apresentadas nos livros, nas letras das músicas, nas séries e nos filmes. Eu precisava não apenas prepará-los para o mercado de trabalho, mas desenvolver neles a capacidade crítica de análise e de interpretação do mundo”, destaca.
O Projeto do Ler e Pensar surgiu, então, como uma oportunidade para auxiliar e embasar as aulas de Samara, através do uso das mídias em sala de aula e da metodologia (COM-PELA-PARA a mídia*). Segundo a professora, a literatura sempre esteve presente em suas aulas, mas faltava conexão com a tecnologia, com o mundo das mídias em que os jovens estão inseridos. A ideia de deixar que os estudantes escolhessem que gêneros textuais iriam trabalhar, através de projetos multimídia, permitiu abrir um campo de possibilidades: desde a produção de relatórios, vídeo reportagens até a produção de um minidocumentário sobre o lixo produzido na escola, considerando seus impactos ambientais e a promoção de práticas sustentáveis.
“Uma lição importante que eu levo comigo durante as atividades desenvolvidas ao longo do ano é possibilitar a escolha. Foram eles que escolheram, a partir dos eixos temáticos propostos, quais séries, filmes, músicas ou notícias gostariam de utilizar. Claro que, de algum modo, a gente precisava também contemplar os conteúdos da ementa. Isso precisou da minha mediação. Mas a escolha foi deles, o que possibilitou ricas discussões em sala de aula, através de diálogos abertos, de valorização e encorajamento ao questionamento. Eu procurei trabalhar com a ideia do letramento literário, trazendo a literatura para dentro da escola não apenas como uma disciplina, mas de forma humanizada, de maneira que os alunos pudessem, de fato, interagir com as diferentes formas de expressão artística”.
Para ela, é exatamente essa consciência que fará com que os alunos possam se desenvolver, se especializar e trazer inovações para suas áreas de atuação.
“Eu venho de origem muito humilde, assim como quase todos aqui de Campos Belos. Nessa região, aqui no nordeste goiano, conhecida como “Corredor da miséria”, as pessoas que conseguiram sair dessa situação, em sua maioria, o fizeram por meio da educação. Eu acredito muito no poder transformador da leitura e da educação e espero, de alguma maneira, ter contribuído para essa transformação, abrindo esse leque de oportunidades para meus alunos”.
*O Ler e Pensar possui uma metodologia exclusiva para utilização das mídias em sala de aula, baseada em três pilares: Com a mídia, Pela Mídia e Para a mídia. Para saber mais acesse: https://www.lerepensar.com.br/entenda-o-projeto/
A iniciativa da professora Samara Lima foi uma dos vencedoras da InovaLeP, que selecionou projetos baseados em um ou mais pilares da metodologia do Ler e Pensar. Como premiação, além de um notebook, a professora Samara recebeu mentorias da nossa equipe pedagógica.
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