O acordo para a divisão de poder no Iraque, que resultou na reeleição do primeiro-ministro, Nouri al-Maliki, já dava sinais de fragilidade hoje. O Parlamento terminou em um clima de discórdia a sessão para empossar Maliki, na noite anterior, e alguns políticos alegam que o pacto foi rompido horas após ter sido fechado.
A disputa levou um grupo de 60 parlamentares de um bloco apoiado pelos sunitas a abandonar a sede do Legislativo, em uma mostra da fragilidade do acordo. A intenção do pacto é finalmente acabar com o impasse político no país, que durou oito meses desde que as eleições gerais terminaram sem um vencedor claro.
Como parte do acordo, fechado após três dias de intensas negociações, o presidente Jalal Talabani, reeleito pelos parlamentares, nomeou Maliki como primeiro-ministro na noite de ontem. Porém esse passo foi ofuscado por uma disputa que levou os enfurecidos membros do bloco Iraqiya a abandonar a sede do Conselho dos Representantes, a Câmara dos Deputados local.
O apoio do bloco Iraqiya, que ganhou por pouco as eleições de 7 de março e ficou com a maioria das cadeiras representando áreas sunitas, é visto como vital para evitar a piora da violência no país. A minoria árabe sunita, que dominava a política no regime de Saddam Hussein, foi um dos pilares da insurgência contra os Estados Unidos após a invasão em 2003.
"Na noite passada, ficou claro, houve muitos desentendimentos", disse hoje o parlamentar independente curdo Mahmud Othman. "A noite passada mostrou que o acordo é débil - talvez por ele ter sido assinado a portas fechadas, e quando foi revelado, um lado não o apoiou. Se isso significar que o Iraqiya não participará no governo, criará problemas."
Negociações
A sessão parlamentar da noite de ontem foi apenas a segunda desde as eleições e havia começado em um clima otimista, com Maliki sentado ao lado do líder do bloco Iraqiya, ex-premiê do Iraque. Mas pouco após a eleição de Osama al-Nujaifi, um sunita membro do Iraqiya, como presidente da Casa, começaram as discussões, com o bloco Iraqiya reclamando que o acordo para a divisão do poder não havia sido honrado.
Especificamente, o bloco pedia que três de suas lideranças, impedidas de assumir cargos por seus supostos laços com o Partido Baath, do ex-ditador Saddam, fossem reempossadas antes da votação para o presidente do Legislativo. Quando as exigências não foram cumpridas, cerca de 60 parlamentares deixaram o Parlamento. Após alguma confusão, os deputados restantes votaram para reeleger Talabani. Maliki agora tem 30 dias para formar seu gabinete. A próxima sessão parlamentar está marcada para amanhã.
"Nós boicotamos a sessão pois mostramos boas intenções com os outros, mas eles nos apunhalaram pelas costas", disse Saleh al-Mutlak, um dos três integrantes do bloco Iraqiya que querem seus cargos de volta. "Nós não vamos voltar sem garantias internacionais."
O acordo estipulava que um sunita ficasse com a presidência do Parlamento e Talabani e Maliki manteriam seus cargos. Também estabeleceu um órgão para monitorar a segurança nacional, em uma medida para agradar o ex-premiê Allawi, impedido de chegar ao cargo de primeiro-ministro mesmo que seu bloco tenha vencido por pequena margem a disputa de março nas urnas. Allawi já acusou várias vezes Maliki de monopolizar as questões de segurança em seu primeiro mandato.
O bloco Iraqiya condiciona sua participação a quatro pontos: uma lei formando o órgão para monitorar a segurança, um comitê para examinar casos de presos políticos, uma norma para determinar como será a divisão do poder e a anulação da proibição dos três parlamentares do bloco de assumirem seus postos.
EUA
O presidente norte-americano, Barack Obama, qualificou o acordo político como um "marco" na história do Iraque. Falando em Seul, Obama disse que o governo será "representativo, inclusivo e reflete o desejo do povo iraquiano". Segundo ele, Washington vinha fazendo uma campanha por "um governo de base ampla". Os EUA mantêm menos de 50 mil soldados no Iraque. O país deve retirar todas suas tropas do território iraquiano até o fim de 2011.
Como a suspensão do X afetou a discussão sobre candidatos e fake news nas eleições municipais
Por que você não vai ganhar dinheiro fazendo apostas esportivas
Apoiadores do Hezbollah tentam invadir Embaixada dos EUA no Iraque após morte de Nasrallah
Morrer vai ficar mais caro? Setor funerário se mobiliza para alterar reforma tributária
Deixe sua opinião