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Mudanças

Egito terá referendo em 2 meses

Egípcios improvisam no Cairo memorial aos mortos durante os 18 dias de manifestações contra o ditador Mubarak | Ugarte Pedro / AFP
Egípcios improvisam no Cairo memorial aos mortos durante os 18 dias de manifestações contra o ditador Mubarak (Foto: Ugarte Pedro / AFP)
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Cairo - Em meio ao ambiente de incerteza predominante no Egito desde a queda do ditador Hosni Mu­­barak, a junta militar que assumiu o governo deu mais um pas­­so para convencer a oposição de que irá cumprir a promessa de uma transição democrática.

Reunidos com jovens oposicionistas que deflagraram os protestos contra o regime, os militares comunicaram que as emendas à Constituição serão finalizadas em dez dias. Após dois meses, elas irão a referendo popular.

Além de prometer concessões, a junta militar também fez um alerta contra a onda de protestos e greves dos últimos dias, que moveram o foco da insatisfação popular para os baixos salários e más condições de trabalho.

Soldados tentaram ontem impedir manifestações na Praça Tahrir, foco dos 18 dias da mobilização popular que pôs fim à era Mubarak.

Embora a maioria dos milhares de manifestantes tenha se retirado e os carros já circulem onde antes havia barracas, a praça continua em estado de turbulência e se tornou destino de grevistas de várias categorias.

Paralisações e protestos se es­­tenderam a setores como transportes, bancos, turismo, óleo, gás e mídia, impedindo que a economia recupere o fôlego perdido desde que as manifestações começaram, em 25 de janeiro.

No quinto comunicado desde o início da crise, o Conselho Su­­premo das Forças Armadas disse que as greves "comprometem a segurança do país’’ e pediu "unidade’’ à população. "Esperamos que todos criem a atmosfera certa até nós transferirmos a liderança a uma autoridade civil eleita’’, diz o comunicado.

A promessa de uma transição democrática feita repetidas vezes pelos militares parece convencer a maioria dos opositores, mesmo após medidas anunciadas no domingo que colocaram o país sob tutela direta dos militares.

Os generais que formam a junta suspenderam a Consti­­tui­­ção, dissolveram o Parlamento e estabeleceram seu período de permanência no governo em seis meses, ou até as eleições.

Voto de confiança

Um dos 13 jovens que participaram do encontro com dois dos generais foi Wael Ghonim, o executivo da Google que se tornou o herói mais visível da revolução depois de fomentar os protestos em páginas da internet e ficar preso por 12 dias.

Em sua página no Facebook, Ghonim escreveu que a comissão constituída para reformar a Constituição "é conhecida pela integridade, honra, e por não pertencer a nenhuma tendência política’’, num expressivo voto de confiança à neutralidade da junta militar.

A imprensa egípcia por sua vez continuou a publicar histórias sobre os últimos dias de Mu­­barak.

O ex-presidente foi apresentado como um homem imerso na confusão criada por um ministro do Interior que escondia a verdadeira dimensão das manifestações e por seu filho Gamal, contado na época como o principal candidato à sucessão, que o pressionava a adotar uma atitude mais dura.

Empresas reabrem e chamam expatriados

As empresas estrangeiras estão retomando suas operações no Egito, reabrindo fábricas e trazendo de volta ao país funcionários expatriados du­­rante a recente turbulência po­­lítica. O movimento ocorre depois de o Conselho Supremo das For­­ças Armadas ter pedido que o país volte ao normal após Hosni Mubarak ter deixado a presidência.

Inúmeras empresas estrangeiras, incluindo a Nissan Mo­­tor, Lafarge e General Motors suspenderam suas atividades no país no final de janeiro à me­­dida que as demonstrações contra o ex-presidente cresceram. Trabalhadores estrangeiros deixaram o Egito, mas estão retornando agora.

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