Após os levantes ocorridos no Egito e Tunísia, vários países do Oriente Médio foram palco de manifestações populares contra o Estado. Ontem, protestos ocorreram no Iêmen, Irã, Bahrein e em outras nações da região, evidenciando o clima de revolta e mobilizações que inflamam as populações árabes e muçulmanas na sua maioria contra os regimes em vigor.
"O que está acontecendo, aparentemente, é um efeito dominó", explica Andrew Trumann, professor de Relações Internacionais do UniCuritiba. Segundo Trumann, a partir do momento que outros povos perceberam que mobilizações eram possíveis, muitos trataram de seguir o exemplo tunisiano. "Se os tunisianos podem, a gente também pode", completa o professor.
As maiores manifestações do dia de ontem ocorreram no Iêmen, em particular na capital Sanaa, onde várias pessoas ficaram levemente feridos durante os protestos. "Depois de Mubarak, Ali", entoavam milhares de manifestantes, a maioria estudantes e advogados. Eles se referiam ao presidente Ali Abdallah Saleh, no poder há 32 anos.
Os militantes tentaram marchar até a Praça Tahrir que significa libertação e leva o mesmo nome da praça-símbolo dos protestos no Cairo , mas as forças de segurança instalaram cercas de arame farpado para impedir o avanço dos protestos. Centenas de partidários do Congresso Popular Geral (CPG, partido no poder) atacaram os manifestantes com golpes de paus e pedras, segundo um correspondente de uma agência internacional que estava presente no local.
No Irã, milhares de pessoas tentavam durante a tarde de ontem reunir-se em diferentes pontos do centro de Teerã, enquanto a polícia e as tropas de choque, amplamente posicionadas, procuravam impedi-los. A tensão entre manifestantes antigovernamentais aumentou e a polícia fez uso de gás lacrimogêneo para conter os jovens manifestantes. Esses encontros constituíram a primeira demonstração pública de oposição reformista significativa desde o ano passado.
Já no Bahrein, apesar da proibição de mobilizações, dezenas de pessoas tentaram se manifestar em Nouidrat, antes de serem dispersas pela polícia, que a exemplo da polícia iraniana fez uso de gás lacrimogêneo para conter o avanço do protesto. Uma fonte policial informou que não houve prisões.
Na Argélia, depois de um protesto na semana passada, uma nova manifestação está prevista para o próximo sábado.
Quanto ao perigo da onda popular e protestos se espalhar para outros países árabes ou do Oriente Médio, Trumann é reticente, pois entende que cada país da região possui suas próprias particularidades sociais, políticas e econômicas. "Mas outros especialistas internacionais acreditam que com a queda do Egito, cai também o resto", destaca o professor.