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Diplomatas dos Estados Unidos chegaram nesta quarta-feira a Honduras para pressionar o governo de facto e o presidente deposto a um acordo, no que pode ser a última tentativa de solucionar a crise política no país.

Na mesma quarta-feira, a chancelaria hondurenha disse que apresentou uma denúncia na Corte Internacional de Justiça de Haia contra o Brasil, acusando-o de ingerência em assuntos internos.

O Itamaraty informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que ainda não foi comunicado sobre a decisão do governo de facto em Honduras, que o país não reconhece.

Honduras vive uma crise política desde que militares depuseram Manuel Zelaya da Presidência, há quatro meses. Zelaya foi expulso do país depois de ser acusado de violar a Constituição. Mas voltou escondido e está abrigado na embaixada brasileira na capital hondurenha, Tegucigalpa, desde o dia 21 de setembro.

O presidente deposto insiste em voltar ao poder, mas o presidente de facto de Honduras, Roberto Micheletti, garante que não aceitará seu retorno e que qualquer acordo deve ser fechado somente depois das eleições presidenciais de 29 de novembro.

"A restituição do ex-presidente Manuel Zelaya está claro que não será contemplada em um possível acordo entre as duas comissões por ser inconstitucional", insistiu Micheletti em comunicado nesta quarta-feira.

Micheletti aposta no pleito, anunciado antes do golpe de 28 de junho, como forma de superar a crise.

Três em cada quatro hondurenhos acreditam que as eleições ajudarão a solucionar a crise, segundo pesquisa CID-Gallup, mas a comunidade internacional e Zelaya ameaçam não reconhecer o resultado caso não haja um acordo político.

"Sou uma solução para legitimar as eleições", disse Zelaya em entrevista na terça-feira. "Deve haver um acordo político para que as eleições sejam reconhecidas", acrescentou.

No entanto, um de seus negociadores duvida da vontade de Micheletti de se avançar nos diálogos.

"Não nos sentaremos à mesa de negociações com o governo de facto a menos que haja uma proposta construtiva, criativa e nova que termine na restituição do presidente Zelaya", disse à Reuters Víctor Meza, um dos representantes do presidente deposto.

Enquanto o relógio anda, resta cada vez menos tempo para selar um acordo. A um mês das eleições, as reuniões dos próximos dias podem ser a última tentativa para superar a crise.

"É o esgotamento deste processo", disse a consultora Thelma Mejía, que acredita que para Zelaya será mais fácil negociar com o vencedor das eleições.

Grandes expectativas

A chegada do grupo de diplomatas norte-americanos gerou expectativas de um acordo, inclusive entre os negociadores dos rivais políticos.

A delegação, que busca uma saída urgente para a pior crise política na América Central desde a invasão dos Estados Unidos ao Panamá, em 1989, é composta pelo secretário-adjunto para assuntos do Hemisfério Ocidental, Tom Shannon; o adjunto da secretária de Estado, Craig Kelly, e Dan Restrepo, da Casa Branca.

O grupo deve se reunir nesta quarta-feira com Zelaya e Micheletti.

O porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Ian Kelly, disse na terça-feira que a situação em Honduras é "bastante urgente".

"Queremos ver uma eleição, que acontecerá exatamente em um mês, que tenha o tipo de legitimidade internacional que a população de Honduras merece para seu governo", afirmou.

Vilma Morales, negociadora de Micheletti, disse que confia que uma solução saia ainda nesta semana. O mesmo otimismo foi demonstrado pela Organização dos Estados Americanos (OEA), representantes de Zelaya e os principais candidatos à Presidência, que, sem acordo, poderão governar um dos três países mais pobres da América Latina ainda mais isolado internacionalmente.

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