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Segredos diplomáticos

Lula defende dono do WikiLeaks

Manifestantes pedem a libertação do fundador do WikiLeaks, Julian Assange, durante protesto em Budapeste, na Hungria | Bernadett Szabo/Reuters
Manifestantes pedem a libertação do fundador do WikiLeaks, Julian Assange, durante protesto em Budapeste, na Hungria (Foto: Bernadett Szabo/Reuters)

Brasília - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva saiu ontem em defesa de Ju­­lian Assange, proprietário do site WikiLeaks, pedindo manifestação contra sua prisão. Segundo Lula, o erro não é de Assange, que divulgou telegramas contendo mensagens diplomáticas, mas dos embaixadores que produziram os documentos.

A declaração ocorreu num raro momento de afago à mídia quando o presidente encerrava discurso em cerimônia do Pro­­grama de Aceleração do Cresci­­mento (PAC). "Devemos muito à imprensa. À imprensa, eu queria até dizer, às vezes eu critico, e vo­­cês: ‘Ah, o Lula está criticando a imprensa.’ Não, eu estou apenas alertando. Como eu gosto que vo­­cês me alertem, eu gosto de alertar vocês’’, disse.

Logo em seguida passou à defesa de Assange, inicialmente em tom de cobrança à imprensa, mas logo o discurso ganhou outra di­­mensão. Lula afirmou que não sabe se os embaixadores brasileiros transmitem os telegramas, mas disse que a presidente eleita, Dilma Rousseff, terá de ser co­­municada pelo seu ministro de Relações Exteriores do teor dos comunicados. "Ela vai ter que dizer para o seu ministro que, se não tiver o que escrever, que não escreva bobagens. Passe em branco a mensagem.’’

O presidente criticou a busca mundial feita por Assange. "Ele desnuda a diplomacia, que parecia inatingível e a mais certa do mundo, e começa uma busca. Não sei se colocaram cartaz como no tempo do faroeste, procura-se vivo ou morto. Não vi um voto de protesto contra a prisão do rapaz’’, disse.

Gafe

Lula pediu aos assessores que co­­meçassem a protestar contra a prisão de Assange no Blog do Pla­­nalto, onde um vídeo e texto fo­­ram publicados logo depois. "Va­­­­­­­­mos fazer o primeiro protesto contra (sic) a liberdade de ex­­pres­­­­são na internet porque o ra­­­­paz estava colocando lá apenas o que ele leu. E se ele leu é porque al­­guém escreveu. O culpado não é quem divulgou, mas quem es­­creveu a bobagem’’, afir­­mou Lula. Os presentes não perceberam a gafe do presidente, que queria dizer "a favor da li­­berdade de imprensa", mas disse "contra".

Estados Unidos

A prisão do criador do site Wi­­ki­­Leaks nada tem a ver com o vazamento de informações secretas dos Estados Uni­­dos, declarou o porta-voz do departamento de Estado norte-americano, Charles Luoma-Over­­street ,reagindo a críticas de Lula.

Assange, procurado pela Jus­­tiça sueca por agressão sexual a duas mulheres, está preso na In­­glaterra para possível extradição. O site WikiLeaks iniciou em 28 de novembro passado a publicação de 250 mil telegramas confidenciais do departamento de Estado dos Estados Unidos. As revelações abalaram o governo americano, que se desculpou com diversos líderes estrangeiros.

Antes, o WikiLeaks havia di­­vulgado milhares de documentos secretos dos EUA sobre as guerras do Iraque e do Afe­­ga­­nistão.

Empresa vai processar Visa e MasterCard

A empresa que processa pagamentos para o site WikiLeaks afirmou ontem que pretende processar as empresas de cartões de crédito Visa e MasterCard, pela negativa delas em processar doações do site que tem co­­mo meta vazar documentos se­­cretos.

O diretor-geral da empresa islandesa DataCell, Andreas Fink, disse que buscará uma compensação pelos danos provocados pelas companhias financeiras norte-americanas, por sua decisão de bloquear a doação de fundos para o WikiLeaks.

Na quarta-feira, hackers realizaram ataques contra os sites da Visa, da MasterCard, de promotores suecos e de um banco suíço. O site da ex-candidata re­­publicana à Presidência dos EUA Sarah Palin também foi atacado virtualmente. Palin defendeu, há alguns dias, que o fundador do WikiLeaks, o australiano Ju­­lian Assange, fosse "caçado" por militares norte-americanos co­­mo se fosse um extremista do Taleban.

Assange foi acusado de estupro e assédio sexual na Suécia. Ele nega as acusações.

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