"Abu Salah morreu, a mulher dele morreu. Abu Tawfiq morreu, o filho dele morreu, a mulher dele também morreu. Mohammed Ibrahim morreu, e a mãe dele morreu. Ishaq morreu e Nasar morreu. A mulher de Nael Samouni morreu. Muitas pessoas morreram."
"Acho que mais de 25 pessoas morreram", disse Ahmed Ibrahim Samouni, menino palestino de 13 anos que sofreu ferimentos na perna e no peito, mas sobreviveu aos morteiros israelenses disparados contra uma casa no norte da Faixa de Gaza em 4 de janeiro.
Segundo um relatório do Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários das Nações Unidas (Ocha, na sigla em inglês), pelo menos 30 pessoas foram mortas no incidente. A maioria delas era da família de Samouni.
A vice-chefe do Ocha, Allegra Pacheco, citou testemunhas oculares no distrito de Zeitun, que teriam dito que tropas israelenses ordenaram a cerca de 100 civis que entrassem na casa e ficassem ali, fora do caminho. Mas no dia seguinte a casa foi atingida por morteiros israelenses.
"Não há abrigos antibomba na Faixa de Gaza", disse Pacheco.
O Exército israelense informou que está investigando o incidente.
Em declarações feitas à Reuters desde seu leito de hospital na Faixa de Gaza, o menino relatou como sua família foi levada à casa que mais tarde foi alvejada.
"Estávamos dormindo quando os tanques e os aviões atacaram. Dormíamos todos num quarto só", contou Samouni, em voz fraca. "Um morteiro atingiu nossa casa. Graças a Deus, não fomos atingidos", acrescentou.
"Corremos para fora e vimos 15 homens. Eles desceram de helicópteros sobre os telhados das casas." Os soldados espancaram moradores e os forçaram a entraram todos em uma casa.
Depois de a casa ser atingida, no dia seguinte, e de sua mãe ser uma das pessoas mortas, Samouni manteve vivos seus três irmãos menores e tentou ajudar adultos feridos estirados entre os mortos.
"Não havia água, não havia pão, não havia nada para comer", disse.
Funcionários locais do Crescente Vermelho e uma equipe do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) conseguiram chegar até a casa em 7 de janeiro, depois de ter seu acesso a ela negado pelos militares israelenses pelo que a Cruz Vermelha considerou "um período de tempo inaceitável".
O CICV disse que, quando a ajuda finalmente chegou ao local, as crianças estavam famintas.
Barreiras de terra erguidas por máquinas de terraplanagem israelenses bloqueavam as ruas, impedindo o acesso de ambulâncias. "Os feridos tiveram que ser retirados em carroças puxadas por burros", disse Pacheco à Reuters.
"É um incidente chocante", afirmou Pierre Wettach, chefe do CICV em Israel e nos territórios palestinos ocupados.
A CICV acusou Israel de atrasar o acesso de ambulâncias à área e exigiu que garanta acesso seguro a ambulâncias do Crescente Vermelho palestino, para que possam retornar e retirar mais feridos.
Em resposta escrita, o Exército israelense disse que trabalha em coordenação com organismos internacionais de assistência "para que ajuda possa ser fornecida a civis" e que "de maneira alguma alveja civis intencionalmente".
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