Dubai - A onda de manifestações contra vários regimes autoritários estabelecidos há décadas no Oriente Médio e no Norte da África deixou pelo menos 21 mortos na Líbia, Bahrein, Iêmen e Iraque em 48 horas.
A revolta popular que começou na Tunísia e no Egito encorajou os movimentos de protestos nos países vizinhos. Os manifestantes protestam contra o autoritarismo, corrupção, nepotismo e problemas econômicos e sociais.
Na Líbia, opositores do ditador Muamar Kadafi promoveram ontem um "dia de fúria. Choques entre opositores e grupos pró-Kadafi deixaram pelo menos 13 mortos.
Sites oposicionistas chegaram a divulgar que 20 pessoas morreram, mas os números não foram confirmados.
No Bahrein, soldados com veículos blindados ocuparam a capital do pequeno país do Golfo Pérsico. Cinco pessoas foram mor tas ontem, elevando para 7 o número de mortos desde o início dos protestos. A oposição diz que há dezenas de presos e cerca de 60 desaparecidos.
No Iêmen, quatro manifestantes foram mortos na cidade portuária de Áden (sul), no sétimo dia de protestos. Agora são seis o número de mortos após o início das manifestações no país, um dos mais pobres da região.
No Iraque, uma pessoa morreu e 33 ficaram feridas quando a polícia abriu fogo contra manifestantes que faziam um protesto contra o governo local em Sulaimaniya (nordeste), segundo testemunhas e fontes médicas.
Bahrein abriga base militar dos EUA
A importância estratégica do Bahrein ilha no Golfo Pérsico equivalente à metade da cidade de São Paulo para os Estados Unidos reside, entre outras coisas, no fato de o país abrigar a Quinta Frota da Marinha norte-americana.
A base tem sob sua responsabilidade patrulhar todo o golfo e entorno, chegando até o oceano Índico, em uma área que abrange 20 países, e abriga cerca de 20 mil oficiais americanos.
Além disso, a Quinta Frota cumpre o papel de conter a presença do Irã no golfo, região responsável por 40% da produção de petróleo no mundo e dois terços das reservas, além de ser crucial para o comércio global do recurso.
Já a vizinha Arábia Saudita teme que os protestos liderados pela maioria xiita do Bahrein e uma eventual deposição do regime motivem um levante semelhante em seu território.
Governado há dois séculos pela família do rei Hamad bin Isa al Khalifa, o Bahrein foi até os anos 70 um protetorado britânico. Habitam no país cerca de 1,3 milhão de pessoas, sendo 700 mil locais e o resto estrangeiros, muitos sunitas que recebem incentivos e empregos do governo.