O alastramento da onda de protestos no mundo árabe e no Oriente Médio para o Irã reacendeu a rixa entre o regime islâmico e os Estados Unidos, com o governo norte-americano aumentando o tom no apoio à oposição iraniana.
Na segunda-feira, milhares de iranianos foram às ruas protestar contra o regime pela primeira vez desde a série de manifestações de 2009 contra a reeleição do presidente Mahmoud Ahmadinejad. Duas pessoas morreram durante confrontos segundo o governo, dois membros das forças de segurança.
O presidente dos EUA, Barack Obama, condenou a repressão iraniana às manifestações e ironizou o contraste da reação aos levantes oposicionistas locais e no Egito. "Acho irônico que o governo do Irã celebre o que ocorreu no Egito [a deposição do aliado americano Hosni Mubarak na última sexta], quando agiram em total contraste atirando e batendo nas pessoas que querem se expressar de um modo pacífico.
"Espero que continuemos a ver o povo iraniano tendo a coragem de expressar seu desejo de mudança, afirmou Obama, na Casa Branca. "O mundo está mudando. Vocês têm uma geração jovem, vibrante dentro do Oriente Médio, que está buscando mais oportunidade", acrescentou.
As declarações foram rebatidas por Ahmadinejad, para quem os "inimigos que convocaram os protestos não alcançarão seus objetivos.
Na segunda-feira, a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, já havia expressado seu apoio à oposição no Irã e afirmado que os manifestantes "merecem os mesmos direitos exercidos pelo Egito.
A Chancelaria iraniana reagiu afirmando que "os comentários dos responsáveis norte-americanos resultam da confusão em relação às mudanças que ocorrem na região.
Pena de morte
Parlamentares iranianos linha-dura pediram ontem o julgamento e condenação à morte de líderes opositores aos quais atribuíram a responsabilidade pelos protestos antirregime da véspera. Os parlamentares governistas exigem que Mir Hossein Mousavi e Mehdi Karroubi candidato derrotado à Presidência em 2009 e o ex-presidente Mohammad Khatami (1997-2005) respondam pelas ações.
Os governistas linha-dura entoavam cânticos de "morte a Mousavi, Karroubi e Khatami com os punhos no ar. "Acreditamos que o povo perdeu a paciência e exige a pena capital, disseram 221 deles em um comunicado. Mousavi e Karroubi estão há dias sob prisão domiciliar.
Os novos protestos foram convocados em apoio às revoltas que depuseram os ditadores de Tunísia e Egito. Pedidos prévios de autorização para a promoção dos atos em prol das revoltas no mundo árabe haviam sido rejeitados pelo governo do Irã.