O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) estima que 200 mil pessoas tenham fugido da violência étnica no Quirguistão desde quinta-feira. De acordo com o Comitê Internacional da Cruz Vermelha, os mortos já chegam a "várias centenas", o que é contestado pelas autoridades do governo.
Um porta-voz da Cruz Vermelha disse que não há dados precisos sobre o número de mortos nos distúrbios iniciados na quinta-feira passada, mas afirma: "Nós estamos falando de várias centenas" de pessoas mortas. Funcionários da Organização das Nações Unidas (ONU) culparam gangues e bandos de homens mascarados pelos assassinatos, incêndios e matanças, que deixaram em ruínas a segunda maior cidade do Quirguistão, Osh.
Ontem, o Ministério de Situações de Emergência do Usbequistão informou que 83 mil usbeques, que fugiram da região do conflito, entraram no país.
A parte sul do Quirguistão sofre com dias de violência contra a minoria usbeque, que deixaram a segunda maior cidade do país, Osh, em ruínas e forçam dezenas de milhares de usbeques a fugir para seu país de origem, vizinho ao território quirguiz. Nesta terça-feira, o Ministério da Saúde afirmava que o número oficial de mortos era de 179, com quase 1.900 feridos. Várias dezenas de milhares de refugiados já estão em 30 campos montados às pressas no Usbequistão.
Atingido pelo enorme fluxo de refugiados, o Usbequistão fechou a fronteira nesta terça-feira, deixando milhares de pessoas acampadas do lado quirguiz ou então atrás das cercas de arame farpado, na "terra de ninguém" entre os dois países.
As Nações Unidas e a União Europeia pediram que o Quirguistão mantenha o calendário para um referendo constitucional e as eleições parlamentares. Um representante da ONU, Miroslav Jenca, disse em visita a Bishkek que o referendo deste mês e as eleições parlamentares de outubro devem ocorrer, para que o país avance rumo à democracia. O embaixador alemão no Quirguistão, Holger Green, disse que esta também é a posição da UE.