A Secretaria da Educação do Paraná (Seed) confirmou que o gabinete de crise da pasta fez uma reunião emergencial na qual decidiu pelo envio de um vídeo com disparo em massa para mais de 2 milhões de contatos contra o movimento grevista de professores e funcionários da educação no Paraná no mês passado.
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O órgão estadual confirmou que o disparo foi feito para mais de 4 mil contatos em um aplicativo de troca de mensagens e para 2,1 milhões de pessoas via mensagem de texto nos celulares, ao custo de R$ 192 mil. “O vídeo foi enviado a 4.076 remetentes via WhatsApp e 2.103.805 remetentes via SMS. O envio foi autorizado em reunião emergencial do gabinete de crise da Seed, em decisão conjunta”, afirmou em nota enviada à Gazeta do Povo.
Segundo a Secretaria da Educação, a decisão ocorreu após uma assembleia da APP-Sindicato - que representa a classe profissional - no dia 25 de maio, com o anúncio da greve e posterior publicação de um vídeo do movimento estudantil do Colégio Estadual do Paraná. “Este vídeo informava sobre a adesão de estudantes à greve e incentivava a adesão de demais estudantes, além da presença em manifestações. Em resposta a essa situação, foi convocada uma reunião de emergência para gestão de crise, com a participação do gabinete e das diretorias da Seed”, completou a informação oficial da pasta.
O objetivo era discutir, segundo a secretaria, “direcionamentos e ações para mitigar os riscos” da participação dos alunos em manifestações e que isso pretendia evitar “possíveis prejuízos irreparáveis ao bem-estar e à integridade dos alunos a exemplo dos episódios ocorridos em manifestações anteriores”.
A pasta explicou que os custos para produção do material foram cobertos pelo contrato com a Companhia de Tecnologia da Informação e Comunicação do Paraná (Celepar), mas para os disparos foram gastos R$ 3.220,04 para envio via WhatsApp e R$ 189.342,45 para envio via SMS.
“Como ação emergencial, a Seed decidiu pela produção e envio de um vídeo informativo aos pais dos alunos, produzido pelas áreas técnicas da pasta, sem a necessidade de contratação de serviços externos específicos para tal finalidade. Desta forma, não há processos ou contratos decorrentes, nem notas fiscais referentes à execução dos serviços de publicidade e propaganda”, descreveu a Seed.
Greve que motivou vídeo durou três dias com governo pedindo prisão de líder sindical
A greve de professores e servidores da educação no Paraná durou três dias, no início de junho. O movimento era contrário à tramitação do projeto de lei do governador Carlos Massa Ratinho Junior (PSD) que instituiu o programa Parceiro da Escola, com a terceirização da gestão administrativa de 204 colégios públicos estaduais no Paraná. O estado diz que a implantação, prevista para 2025, só ocorrerá após aprovação em consulta pública com a comunidade escolar, marcada para o próximo mês de outubro.
Professores e servidores criticaram a forma como o projeto tramitou na Assembleia Legislativa, em regime de urgência, tendo sido aprovado e sancionado em apenas uma semana. A categoria disse ainda que não houve diálogo para elaboração do projeto e que a proposta é uma forma de privatização das escolas públicas.
No fim de semana que antecedeu os protestos, uma decisão judicial havia decretado a paralisação dos servidores e professores da educação ilegal e outra decisão manteve a tramitação do projeto de lei. Mesmo assim, o movimento grevista se manteve, o que levou o governo do Paraná a pedir aumento da multa diária contra a APP-Sindicato e a prisão da presidente da entidade sindical, Walkiria Olegário Mezeto.
No primeiro dia de tramitação do PL na Alep, em 3 de junho, houve invasão e depredação. Parte dos manifestantes acampou na Alep, o que levou o Legislativo a pedir reintegração de posse do local. A desocupação do prédio ocorreu após votação final do PL.
Secretário defende vídeo contrário à greve da categoria
À RPC, o secretário da Educação do Paraná, Roni Miranda, defendeu o encaminhamento do material e avaliou que o vídeo foi uma forma de se comunicar com pais e responsáveis, assim como os riscos que poderiam correr com atenção à preservação da integridade física dos estudantes. O vídeo alertava sobre possíveis atos de violência durante os protestos.
Após a confirmação do disparo dos vídeos em massa, o Ministério Público do Paraná (MPPR) disse que apuraria o caso. Nesta quarta-feira (3), o órgão afirmou que o procedimento instaurado pela 5ª Promotoria de Justiça de Proteção do Patrimônio Público de Curitiba com o objeto de “averiguar as circunstâncias do custeio, da produção e do envio” segue em tramitação, ainda sem apurações finais.
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