O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, declarou, na última quarta-feira (25) que as medidas de isolamento deveriam ser avaliadas em cada região, levando-se em consideração o número de casos e a velocidade da propagação do coronavírus. O presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, Clóvis Arns da Cunha, explicou que o isolamento vertical (mantendo em casa apenas pessoas do grupo de risco, como idosos e portadores de doenças crônicas) pode ser avaliado em cidades e estados que apresentarem, nas próximas semanas, o achatamento da curva de contaminação (quando o número de novos casos começa a diminuir dia após dia). O crescimento do número de casos no Paraná mostra que o estado está longe deste cenário.
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O primeiro caso de Covid-19 no Paraná foi confirmado em 12 de março. Chegamos, nesta quinta-feira, ao 15º dia de presença do coronavírus no estado. São Paulo, que hoje tem 1.052 casos confirmados, teve o primeiro diagnóstico em 25 de fevereiro, no seu 15º, no entanto, os paulistas tinham “apenas” 19 casos. A evolução de ocorrências no Paraná se assemelha à do Rio de Janeiro, que tinha 94 casos no 15º dia, e à do Distrito Federal (107). O Brasil registrava, no 15º dia após a primeira notificação, 52 casos confirmados da Covid-19.
Desde que começou a aceitar os casos confirmados por exames de laboratórios particulares, o estado passou a apresentar uma evolução maior (e mais real) do número de infectados. Para se ter uma ideia, no boletim epidemiológico desta quinta-feira (26), o estado tinha 3.487 casos em investigação, quase o dobro dos 1.844 de terça-feira (dois dias antes), e 613 casos descartados (em que o paciente foi submetido ao teste e o resultado foi negativo), três vezes mais que os 197 descartes até terça-feira, o que indica uma intensificação nos testes.
O aumento em apenas nove casos entre as confirmações desta quinta e as 97 registradas até quarta-feira, freou uma velocidade de contaminação que fazia do Paraná o segundo estado com maior crescimento porcentual na última semana. De 18 de março, quando tinha 14 casos, para quarta-feira (25), o estado havia registrado um crescimento de 593% no número de casos. A evolução só tinha sido menor que a do Ceará, com 817% de crescimento (de 23 para 211). O governo do Ceará também justifica esse rápido crescimento no número de casos no estado com sua estratégia de intensificar o número de testes para a identificação da doença. São Paulo, o estado com mais casos no país (862 até quarta-feira) teve crescimento de 259% naquele período.
Para o diretor da Associação Paranaense de Infectologia, Rafael Mialski, o fato de estarmos no início da epidemia no estado e no país, ainda não permite que se tenha números precisos para avaliar a velocidade de propagação do vírus. “É cedo. O coronavírus acabou de chegar no país. Temos um mês do primeiro caso em São Paulo, 15 dias no Paraná. Epidemiologicamente, só conseguimos fazer alguma avaliação analisando a evolução a partir do 50º caso”, conta.
Mais uma vez, o baixo número de novos casos nesta quinta-feira (nove) alterou significativamente o gráfico de evolução do Paraná a partir do 50º caso. O Paraná ultrapassou os 50 casos no domingo, 22 de março. Com 106 casos depois de cinco dias, a evolução no estado está melhor (com menos casos) que São Paulo, Rio de Janeiro, Ceará e Distrito Federal, os quatro estados com mais pessoas infectadas. Até quarta-feira, quarto dia pós paciente número 50, a curva paranaense era quase idêntica à do Rio de Janeiro (97 e 103 casos, respectivamente), mas, enquanto o Paraná teve somente nove novos casos do 4º para o 5º dia, o Rio teve um salto de 72 casos em 24 horas.
“Ainda não há como comparar. Não sabemos quantas pessoas estão sendo testadas aqui e lá. Não sabemos se esse menor número de novos casos se repetirá. Para ter uma dimensão real, precisamos testar todos os casos sintomáticos. Assim, realmente como está se comportando o vírus e quando o número de novos casos vai, realmente, começar a diminuir”, diz o infectologista. "Estamos 'atrasados'. O vírus chegou mais tarde no estado; seria muita audácia querer fazer qualquer análise hoje", acrescenta.
Mialski cita que a comunidade científica mantém a previsão de que, no Paraná, o pico de casos deverá ocorrer na metade do mês de abril. “O importante é o número de doentes ao mesmo tempo, para saber se o sistema de saúde tem condição de atender a todos os doentes sem colapso. Não existe um número, varia de acordo com a capacidade de cada serviço, mas achatar a curva é diminuir o número de casos novos no tempo. Diminuindo, progressivamente o número de casos novos por dia, mesmo que, ao final se tenha o mesmo número de doentes”, conclui.
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