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Presidente da Fiep, Edson Vasconcelos defende políticas públicas para incentivo a parques fabris.
Presidente da Fiep, Edson Vasconcelos defende políticas públicas para incentivo a parques fabris.| Foto: Gelson Bampi/Sistema Fiep

O recém-empossado presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), o empresário Edson Vasconcelos, tem metas ousadas para a gestão de quatro anos. A nova diretoria está designada a percorrer o estado para sensibilizar o poder público para os parques fabris, com foco especial nos planos diretores, numa fórmula que inclui evidenciar vocações regionais e estratégias para a implantação de novos complexos.

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A Fiep também iniciou um processo de estreitamento de relações com movimentos regionalizados, como o Programa Oeste em Desenvolvimento (POD), que reúne diferentes elos do setor produtivo, da economia e da administração pública e serve como inspiração a outros modelos agregadores Brasil afora.

Em entrevista exclusiva à Gazeta do Povo, Vasconcelos lembrou que a megaestrutura do Serviço Nacional da Aprendizagem Industrial (Senai), ligado ao Sistema Fiep e presente por todo o estado, só faz sentido no preparo, qualificação e colocação de profissionais no mercado se houver entendimento e políticas públicas para o fomento de novas bases industriais. “Esse cuidar e capacitar o colaborador só tem um sentido no entendimento do industrial que precisa da mão de obra treinada. Precisamos olhar o Estado mais pró-política industrial, não apenas para o que está aí, mas ao mostrar que o Paraná é competitivo para instalar novas unidades de produção, mostrar aos investidores que temos condições, estrutura e que somos atrativos”, destacou.

Vasconcelos lembra que uma indústria, ao definir a sede em um município, não vende apenas para aquela localidade, além de gerar desenvolvimento, riqueza, emprego e renda. “Existem duas características: as empresas que estão vocacionadas, que precisam estar numa determinada região porque suas matérias-primas estão ali, e as empresas atraídas pelas condições de infraestrutura, segurança, acesso a mercados, menos burocracia com licenças de operação e ambientais".

O presidente da Fiep quer estreitar laços com os governos municipais e estadual na tentativa de colocar a política industrial em evidência. "Para que o assunto seja contemplado em suas políticas públicas, para atração de novas estruturas, para mostrar quanto somos competitivos e temos para crescer”, reforçou.

Com esse foco, a Fiep iniciou um processo de aproximação com os municípios. “Gostaríamos de proporcionar ao prefeito um olhar diferenciado sobre a indústria. Elas são necessárias e promovem o desenvolvimento”, seguiu, ao reforçar que o fechamento de uma empresa dificilmente será suprido por outra no local e no mesmo ramo.

Municípios e indústrias precisam evoluir juntos

O presidente da Fiep considerou ainda que a indústria precisa de avaliações tributárias e regulamentatórias diferenciadas e que a burocracia trava o avanço. “Um empresário não pode esperar um ano para um licenciamento. Ele vai para outro lugar. O plano diretor de um município não conectado ao potencial industrial é extremamente prejudicial para o desenvolvimento".

Como exemplo, Vasconcelos mencionou o município de Assis Chateaubriand, no oeste do Paraná, onde foi inaugurado o maior frigorífico de abate de suínos da América Latina. A estrutura é da cooperativa Frimesa, maior player do segmento no Paraná e o quarto do Brasil. Além dos 1,7 mil empregados, a empresa precisa de mais 1 mil trabalhadores até o fim deste ano.

O objetivo da Frimesa é fechar o ano com 5 mil abates por dia. Quando estiver em pleno funcionamento, meta traçada para até o fim desta década, vai precisar de 8,5 mil trabalhadores para um abate estipulado para chegar a 15 mil animais/dia. Ocorre que o município tem pouco menos de 37 mil habitantes e já existem na cidade, segundo Vasconcelos, mais vagas de trabalho abertas do que residências que possam acomodar esses trabalhadores.

“Por isso queremos voltar a dialogar sobre a indústria nos municípios. Não sou do agro, mas defendo o setor porque é a fortaleza da economia (do Paraná). Não se exporta comércio e serviços, e as indústrias movimentam a economia local. O complexo industrial é fundamental para a consolidação econômica, precisamos de mais deles por todo o Paraná e condições para aqueles que existem avancem e se mantenham ali”, avaliou.

Fiep quer avaliar impactos da reforma tributária à indústria do Paraná

Outra frente com ação em campo na Fiep corresponde ao grupo de trabalho que avalia, segmento a segmento, os impactos da reforma tributária na indústria do estado.

O resultado deve ser divulgado em dezembro, mas algumas avaliações prévias são possíveis. “Se a arrecadação não deve cair, alguém vai pagar mais, outros podem pagar menos. Por isso queremos observar, setor a setor, como isso vai refletir na economia da indústria paranaense”, disse o presidente da Fiep à Gazeta do Povo.

Vasconcelos acredita que é preciso dar condições para que se veja a evidência do processo de transformação, de nivelar o conhecimento, a percepção das indústrias vocacionadas, como o de “colher o milho e ter o frango embalado”, e que nisso existe uma imensa cadeia de insumos, muitas vezes desapercebida entre os diversos elos do segmento industrial. “Tivemos um pequeno movimento na região de Arapongas (norte do estado) com a indústria moveleira e a metalmecânica. Essa aproximação pode fazer um segmento da indústria perceber um nicho de mercado a ser atendido do lado. São janelas de oportunidades que existem, mas precisam de aproximação”, reforçou.

Para o presidente da Fiep, é essencial que novos componentes sejam observados entre duas pontes da cadeia: a indústria primária de bens de consumo duráveis e não duráveis e indústrias que trabalham sem contato com segmentos diferentes. “O Paraná tem o quarto PIB industrial do Brasil e com potencial enorme de crescimento diante das nossas projeções para o futuro em infraestrutura, logística, oportunidades".

Ele compara com o estado de Santa Catarina, que industrializou o litoral e está com a logística em colapso. "Não podemos deixar a nossa entrar em colapso, precisamos projetar o crescimento e estamos propondo isso. Temos água, energia, fontes renováveis, quase tudo o que é preciso. Queremos, no bom sentido, vender o estado e quem quer montar um parque fabril, que venha para cá”, convocou.

Questionado sobre o Plano Indústria, que vem sendo estruturado pelo governo federal para incentivo financeiro e econômico ao segmento, Vasconcelos considerou que “qualquer atenção é importante”, mas que há um direcionamento do programa à neoindustrialização.

“É válida e necessária, mas não se pode esquecer do mundo real que depende das energias disponíveis, do que existe. Não deixaremos de chamar a atenção para o olhar ao parque fabril existente. Precisamos de novas gerações sustentáveis, mas é preciso olhar também ao que existe e precisa de apoio e de estruturação”, completou.

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