Quase um mês após a prisão do uruguaio Diego Nicolás Marset Alba realizada pela Polícia Federal (PF) em Foz do Iguaçu (PR), o narcotraficante continua em uma penitenciária no Brasil, sem registro de expulsão ou extradição.
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Procurado para falar dos motivos pelos quais o criminoso segue em território nacional, o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) não se pronunciou até a publicação desta reportagem.
Alba foi localizado em um condomínio de luxo na cidade da tríplice fronteira entre Brasil, Paraguai e Argentina, onde a esposa boliviana estava vivendo. Ele veio ao Brasil para acompanhar o nascimento do filho.
Segundo fontes da PF, a esposa do narcotraficante também é procurada pela Justiça, com mandados de prisão por suspeita de envolvimento no tráfico de drogas da Bolívia. Diferente do marido, como o nome dela não consta na Difusão Vermelha da Interpol, não foi presa e poderá ficar no Brasil se regularizar a permanência em até 60 dias - já que está ilegalmente no país. Quando um nome é inserido na lista da Interpol, foragidos podem ser presos em qualquer um dos 186 países filiados à organização internacional de cooperação policial.
Apesar de uruguaio, o narcotraficante era procurado pela justiça paraguaia após ter prisão preventiva decretada em março de 2022, pelos crimes de tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e associação criminosa.
Ele é irmão de um dos principais traficantes da América do Sul, Sebastián Marset, considerado o indivíduo mais procurado pela justiça do Uruguai. Além da Interpol, o nome do irmão consta na lista de procurados pela Europol (Agência da União Europeia para a Cooperação Policial) e do DEA (Administração de Fiscalização de Drogas dos Estados Unidos, na tradução literal).
“O preso é irmão do homem mais procurado pela Justiça do Uruguai por tráfico internacional de drogas e atuava como intermediário deste em constantes viagens da Bolívia para o Paraguai a fim de garantir as transações ilícitas do irmão e os pagamentos necessários a organizações criminosas fornecedoras de drogas”, esclarece a PF.
Outros irmãos também integrariam, segundo a PF, o grupo criminoso chamado de Primer Cartel Uruguayo. Informações da PF dão conta que a organização é de “forte poder financeiro, a ponto de cooptar agentes que atuavam na Interpol paraguaia, três deles presos no final de novembro, segundo o Ministério Público daquele país”.
Braço direito na rota internacional do tráfico
De acordo com a PF, Diego Alba operava como o braço direito do irmão no circuito Bolívia-Paraguai e tinha importante papel no tráfico de entorpecentes da América do Sul para a Europa.
Os mandados de prisão e de busca e apreensão cumpridos no Brasil foram expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF), a pedido da Coordenação Geral de Cooperação Policial da PF.
Com forte atuação no mercado internacional de drogas, o grupo comandado por ele e os irmãos se destacaria como um dos mais estruturados fornecedores de entorpecentes à Europa. Diego Alba vinha migrando de país em país para facilitar o esquema criminoso e driblar a justiça, desde que passou a ser internacionalmente procurado.
A organização criminosa chamada de Primer Cartel Uruguayo é considerada uma das mais atuantes na América do Sul. Assim que foi preso no Brasil, o ministro do Interior da Bolívia, Carlos Eduardo Castillo Del Carpio, publicou que “esse é um trabalho conjunto de todos os países da região e demonstra mais uma vez que a regionalização da luta contra o narcotráfico é possível e rende furtos”.
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