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Jair Bolsonaro e Rodrigo Maia
O presidente Jair Bolsonaro e Rodrigo Maia.| Foto: Sérgio Lima/AFP

Ao subir o tom contra a gestão do presidente Jair Bolsonaro durante o final de semana, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), mira dois grandes objetivos: faz um aceno público à esquerda, para manter o apoio principalmente do PT em favor da candidatura de Baleia Rossi (MDB-SP) na disputa pelo comando da Casa e, de quebra, busca se colocar como antagonista de Bolsonaro rumo à disputa presidencial de 2022.

Durante o final de semana, Maia responsabilizou o presidente da República pelas 200 mil mortes pela Covid-19 no Brasil e chamou Bolsonaro de covarde ao reproduzir uma nota da revista Veja. Na reportagem, a revista afirmava que o presidente culpou o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, por sua perda de popularidade a atrasos na entrega da vacina contra o novo conoravírus. O presidente, por sua vez, negou qualquer tipo de desentendimento entre ele e Pazuello.

“Todos estamos cansados disso, desse negacionismo e dessa irresponsabilidade. Está na hora de uma reação forte de todos nós, brasileiros, contra a irresponsabilidade do governo”, disse Maia em entrevista no final de semana para a Folha de S. Paulo.

Três aliados diretos de Rodrigo Maia admitiram, em caráter reservado à Gazeta do Povo, que o presidente da Câmara foi obrigado a fazer um aceno para a esquerda durante o final de semana com receio de perder o apoio de partidos como o PT.

A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, tem criticado Baleia Rossi, candidato de Maia, pelo fato de ele não prometer levar a diante qualquer um dos pedidos de impeachment que estão na gaveta do presidente da Câmara. Setores do PT entendem que Rossi deveria se comprometer em dar seguimento a pelo menos uma das aproximadamente 60 denúncias registradas contra o presidente da República na Câmara.

O líder do MDB, porém, resiste à ideia. Ele tem afirmado nos bastidores que vai analisar todos os pedidos. Isso pode resultar no seguimento ou engavetamento dos requerimentos.

Ao fazer ataques diretos a Bolsonaro, conforme avaliam seus aliados, Maia busca demonstrar a setores mais radicais da esquerda que ele está comprometido na luta contra eventuais "excessos democráticos" defendidos por alas do bolsonarismo. Assim, busca manter votos de deputados do PT, PCdoB, PSB e PDT em favor de Baleia Rossi.

Um outro movimento realizado por Maia durante o final de semana em favor da candidatura de Baleia Rossi foi intensificação dos ataques contra o adversário do líder do MDB, o deputado Arthur Lira (PP-AL), líder do Centrão e candidato de Bolsonaro na disputa pelo comando da Casa.

Maia disse que Lira “usa das mesmas práticas do seu chefe [Bolsonaro]” e classificou o líder do PP como “Bolsolira”, em referência à forma pejorativa como ex-aliados tem classificado a base de apoio de Bolsonaro – Bolsolula (combinação entre Bolsonaro e Lula). Maia também esvaziou o poder de Lira na Câmara ao exonerar funcionários da Casa indicados pelo líder do Centrão.

Rodrigo Maia busca se colocar como nome importante para 2022

Para além da disputa pelo comando da Câmara, esse tipo de movimento, conforme os aliados do presidente da Casa, também indica uma maior participação de Rodrigo Maia nas eleições presidenciais de 2022.

Internamente, membros do DEM têm defendido uma candidatura própria do partido ou que a sigla seja cabeça de chapa na próxima disputa presidencial. Maia é visto como um eventual nome do partido – ou para ser vice ou para encabeçar uma chapa democrata nas próximas eleições gerais.

Mas para se colocar como nome viável em prol de uma frente ampla que dispute a Presidência da República contra Bolsonaro, Maia precisaria, conforme seus aliados, se colocar como o principal antagonista do bolsonarismo. E é justamente isso que começa a ser feito por ele.

A avaliação de Maia, de acordo com pessoas próximas, é de que sem a futura pressão institucional de ser presidente da Câmara dos Deputados, o parlamentar fluminense poderia se colocar cada vez mais como este antagonista. Inclusive defendendo pautas de caráter econômico e criticando de forma mais ostensiva eventuais falhas do governo nas políticas de combate ao coronavírus.

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