O projeto do trem intercidades (TIC) eixo norte São Paulo-Campinas tem a promessa de marcar um novo capítulo na mobilidade urbana brasileira, sendo o primeiro trem de passageiros no país a alcançar a velocidade de 120 km/h. A iniciativa pretende revolucionar o transporte entre São Paulo e Campinas. Até a promessa virar realidade, dentro do cronograma atual, ainda leva um tempo.
O TIC eixo norte terá aproximadamente 100 quilômetros de extensão entre São Paulo e Campinas. O trajeto incluirá uma linha expressa ligando a estação Barra Funda, em São Paulo, com uma parada em Jundiaí. A previsão é que a operação se inicie no ano de 2031, numa viagem estimada em cerca de 64 minutos, um tempo significativamente menor do que o enfrentado atualmente pelos motoristas que utilizam diariamente as rodovias Anhanguera e Bandeirantes.
Adicionalmente, está prevista a implementação do trem intermetropolitano (TIM), que ligará Campinas a Jundiaí com cinco estações intermediárias: Jundiaí, Louveira, Vinhedo, Valinhos e Campinas. Este serviço terá 44 quilômetros de extensão e uma previsão de 33 minutos de viagem. Cada trem terá capacidade para 2.048 passageiros e a previsão é que o TIM estará operacional a partir de 2029.
Além disso, está incluída concessão da linha 7-rubi da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), parte do projeto do trem intercidades. Essa linha, que conecta a estação Barra Funda, em São Paulo, a Jundiaí, passará por modernização e ampliação de serviços, incluindo a melhoria das 17 estações. Com um total de 57 km de extensão, o trajeto completo leva 61 minutos para ser percorrido. Serão alocados 30 trens para a concessionária, que deve começar a operar no 18º mês da assinatura do contrato, em dezembro de 2025.
O projeto possui, ainda, a linha MRS, da operadora logística privada de mesmo nome, que possui contrato com o governo federal. Atualmente, o transporte de carga na região é feito em revezamento com trens que transportam pessoas, por meio da linha 7-rubi, e foi prejudicado pelo aumento de demanda de passageiros. Com a nova linha que será construída, a linha 7-rubi transportará exclusivamente passageiros, enquanto a MRS transportará somente carga.
Projeto está sendo gestado via PPP
O projeto será implementado por meio de uma parceria público-privada (PPP), com um investimento total de R$ 14,2 bilhões em 30 anos. Para que o acionista não tenha uma exposição relevante de fluxo, o aporte público corresponde a R$ 8,5 bilhões, financiado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
O leilão para a concessão do TIC foi realizado pelo governo Tarcísio de Freitas (REpublicanos) em 29 de fevereiro de 2024 e arrematado pelo consórcio C2 Mobilidade Sobre Trilhos.
O grupo é formado pelo Grupo Comporte, que opera o metrô de Belo Horizonte e pertence à família fundadora da Gol, junto com o grupo chinês CRRC Sifang. A PPP não apenas financia a construção, mas também envolve operação, manutenção e modernização do serviço ao longo de 30 anos.
Tarifas de TIC, TIM e linha 7-rubi prometem ser competitivas
As tarifas do TIC São Paulo-Campinas prometem ser competitivas, com uma média anual estimada em até R$ 50 para o serviço expresso, podendo chegar a um máximo de R$ 64 conforme estabelecido no edital. O governo do estado garantirá 90% da receita prevista para o funcionamento do serviço, assegurando a viabilidade econômica do projeto.
Qualquer arrecadação que exceder em 10% a receita estimada será dividida igualmente entre o estado e o operador privado. Um estudo realizado pelo governo de São Paulo projeta uma demanda de até 730 mil passageiros por dia no sistema. Já a tarifa pública do TIM está estimada em R$ 14,05, enquanto o valor do bilhete da linha 7-rubi é previsto dentro dos padrões da tarifa pública da CPTM, atualmente em R$ 5.
Além de reduzir significativamente o tempo de viagem, o TIC São Paulo-Campinas visa melhorar a mobilidade urbana, reduzir a congestão nas rodovias e diminuir a emissão de poluentes. Com 15 trens destinados ao serviço expresso e outros sete para o TIM, o projeto espera atender a uma demanda crescente por transporte rápido entre as duas regiões metropolitanas.
A expectativa é que o projeto, além de ser mais uma opção de locomoção entre os municípios, valorizará economicamente as regiões, com desenvolvimento imobiliário e expectativas quanto ao próprio mercado ferroviário brasileiro.
Transferência da linha 7-rubi da CPTM exige cuidados para evitar panes
Vencido pelo consórcio C2 Mobilidade Sobre Trilhos, a concessão do leilão do TIC eixo norte São Paulo-Campinas e da linha7-rubi da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) já começou. Após a assinatura do contrato, no dia 3 de junho, a concessionária entrou em uma fase de transição que durará 18 meses, na qual ela operará a linha 7 juntamente com a CPTM antes de assumir a operação.
“A concessionária vai acompanhar e fazer todos os treinamentos necessários para justamente não repetir os problemas que tivemos. Os operadores da CPTM conhecem cada detalhe da operação dos trens, sabem onde podem acelerar mais ou menos e vão passar tudo isso para a concessionária”, disse à Gazeta do Povo Augusto Almudin, diretor de Assuntos Corporativos da Companhia Paulista de Parcerias (CPP).
O diretor se refere aos problemas que ocorrem com frequência nas linhas 8-diamante e 9-esmeralda da CPTM, concedidas para a ViaMobilidade. Além de preveni-los por meio da operação conjunta de 18 meses, foi estabelecido no contrato que a CPTM poderá alugar para a concessionária equipamentos sobressalentes que são indispensáveis para a operação e a manutenção de sistemas.
“Nos primeiros seis meses da operação da linha efetivamente pela concessionária, ela terá todo o incentivo para adquirir os melhores funcionários da CPTM que estavam operando bem a linha 7”, complementou o diretor. O papel da CPTM como operadora das linhas vai deixar de existir e a companhia vai passar a ser uma estruturadora de projetos.
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