O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) criticou a prisão do ex-assessor especial da Presidência para Assuntos Internacionais, Filipe Martins, que está preso desde o dia 8 de fevereiro por ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.
“Filipe G. Martins preso, ou melhor, torturado preventivamente há 139 dias: o que esperar para seus algozes?”, escreveu o ex-presidente em uma publicação na rede social X, nesta quinta-feira (27).
Bolsonaro evitou falar abertamente sobre o caso até recentemente. O ex-presidente, por exemplo, não mencionou a prisão do seu ex-assessor nas duas últimas manifestações que fez no Rio de Janeiro e em São Paulo. Depois da publicação de uma matéria da Gazeta do Povo, que citava o seu silêncio sobre a prisão, Bolsonaro compartilhou no LinkedIn, sem comentar, um post do perfil “Olavo de Carvalho” com uma imagem em que aparece a pergunta “Por que Filipe Martins continua preso?”.
Como vem mostrando a Gazeta do Povo, o caso empilha abusos contra o devido processo legal e se enquadra na definição clássica de prisão política.
Filipe está preso sem denúncia, mesmo com parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR) favorável à sua soltura, e sob a alegação de ter feito uma viagem que nunca existiu.
Na publicação desta quinta, o ex-presidente compartilhou um vídeo em que o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) questiona a prisão de Filipe Martins durante discurso na tribuna da Câmara.
No discurso, Eduardo citou inconsistências do Supremo Tribunal Federal (STF) na manutenção da prisão do ex-assessor especial.
“A senha dessas pessoas é prender o Bolsonaro. Como não acham uma forma, tem que ficar fazendo esse tipo de coisa, essa tortura psicológia. A conta só vai aumentando. Não estou fazendo ameaças, até porque eu sou um simples deputado, mas eu ando muito pelos Estados Unidos e eu estou dizendo para vocês, em um dia o Trump resolve essa parada”, disse Eduardo ao apostar no retorno de Donald Trump à Presidência dos EUA.
O deputado disse que, se for eleito, Trump poderá aplicar sanções ao Brasil para preservar as liberdades dos brasileiros.
A prisão de Martins completou quatro meses no dia 8 de junho. O ex-assessor foi preso pela Polícia Federal no dia 8 de fevereiro por ordem do ministro Alexandre de Moraes.
A ação investiga a suposta vinculação dele aos atos de 8 de janeiro de 2023 e a uma possível tentativa de golpe de Estado.
A ordem de prisão emitida por Moraes usou como embasamento um arquivo desatualizado do Microsoft Word com uma lista de passageiros do voo presidencial de 30 de dezembro de 2022 para Orlando, nos EUA, em que supostamente constaria o nome do ex-assessor.
A defesa de Filipe já comprovou, mediante confirmação de companhia aérea, que ele não viajou com a comitiva de Bolsonaro para Orlando, mas ficou no Brasil e foi para Curitiba (PR), o que contraria a tese da Polícia Federal (PF) de que o ex-assessor havia planejado uma fuga.
Filipe foi preso no apartamento de sua noiva em Ponta Grossa (PR).
No relatório, a PF insiste na tese de fuga ao registrar como supostas evidências o fato de terem sido encontrados poucos pertences no apartamento e de o município paranaense está situado “a cerca de 461 quilômetros de distância da cidade de Dionísio Cerqueira, fronteira com a Argentina, e 551 quilômetros até a cidade de Guaíra, fronteira com o Paraguai”.
Uma hipótese levantada pelo entorno de Martins é que ele estaria sendo vítima de tortura psicológica: a Justiça o estaria mantendo preso em condições precárias com o objetivo de forçá-lo a uma delação.
Após reportagem da Gazeta do Povo, que citava o silêncio de Jair Bolsonaro sobre a prisão de Filipe Martins, o ex-presidente publicou em seu perfil no LinkedIn, sem comentar, um post do perfil “Olavo de Carvalho” com uma imagem em que aparece a pergunta “Por que Filipe Martins continua preso?”. Antes disso, o ex-presidente não havia falado publicamente sobre o caso. A informação foi acrescentada neste conteúdo.
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