Os deputados e líderes de movimentos de rua que participaram na Câmara dos Deputados do ato de entrega do novo pedido de impeachment contra Dilma Rousseff pregaram nesta quarta-feira (21) a urgência do fim da corrupção no mundo político, mas, nos discursos, não mencionaram em nenhum momento o nome de Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Cabe ao presidente da Câmara, que abriu seu gabinete para receber o novo pedido, decidir se dá ou não sequência ao processo contra a petista. O peemedebista foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República sob a suspeita de envolvimento no petrolão e é suspeito de esconder no exterior contas irrigadas pelo esquema.
Na entrevista coletiva concedida logo após a entrega, os líderes dos dois principais partidos de oposição, Carlos Sampaio (PSDB-SP), e Mendonça Filho (DEM-PE), não apareceram, diferentemente do ocorrido em outras ocasiões. PSDB e DEM foram representados por vice-líderes.
A principal fala nesta entrevista coube a Maria Lúcia Bicudo, filha do ex-petista Hélio Bicudo. “O que eu queria dizer é que há necessidade hoje que esse movimento de ruas dos jovens transformem e modifiquem esse país. (...) Temos que ir as ruas lutar por esse ideal, por um país melhor, sem corrupção e sem conchavos políticos”.
Novo pedido de impeachment de Dilma é entregue a Cunha na Câmara
Leia a matéria completaDestoando do discurso público, em que optam pelo silêncio ou por um tímido pedido de afastamento, nos bastidores tanto oposição quanto governo mantém o suporte político a Cunha com o objetivo, cada qual, de influenciá-lo na decisão sobre o impeachment.
Questionada pela reportagem sobre por que Cunha foi poupado, Maria Lúcia afirmou que o ato era focado em Dilma. “Eu acho que importante agora é esse movimento contra a corrupção, o impeachment, e também a questão do Eduardo Cunha, também concordo. (...) Hoje estamos fazendo para o impeachment, mas com certeza esse movimento vai estar englobando todos os corruptos.”
Dois líderes do Movimento Brasil Livre também falaram na entrevista contra Dilma, o PT e a corrupção que, segundo eles, impregna o partido e o governo.
Questionados após a entrevista sobre a omissão em relação a Cunha, Kim Kataguiri e Fernando Holiday adotaram um discurso similar, de que os movimentos de rua têm pouca condição de pressionar politicamente pela saída do peemedebista. “[Os movimentos] não têm poder nenhum na cassação, não têm ninguém no Conselho de Ética [da Câmara, que deve abrir processo contra Cunha]. O impeachment é muito mais dependente de votos de parlamentares, no Conselho de Ética é um debate muito mais técnico”, afirmou Kataguiri, apesar de o conselho ser formado por 21 deputados federais.
Segundo ele, Cunha será alvo de manifestações futuras. “No próximo protesto que realizaremos, que ainda não tem data definida, vocês podem esperar que a gente vai pedir a saída do presidente Eduardo Cunha.”
“Ele [Cunha] não está sendo poupado, o MBL considera que seria o melhor que o presidente renunciasse, acontece que o movimento não tem como obrigar o deputado a renunciar ao cargo de presidente, e quanto à cassação é necessário que haja uma condenação, com todas as provas, com ele tendo o direito de defesa. Tendo essa condenação, obviamente vamos defender essa cassação. Mas o movimento desde já defende a renúncia do presidente, até porque as denúncias tornam a atuação dele enquanto presidente um pouco complicada”, disse Holiday.
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