Apesar do jeito irritado com que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva critica publicamente a oposição, acusando-a de "irresponsabilidade" por ter criado a CPI da Petrobras, no bastidor o governo está tranquilo. São três as fontes da tranquilidade do Planalto: a esperança de conseguir segurar a instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito até o depoimento do presidente da estatal, Sérgio Gabrielli, no Senado; a retirada do apoio do DEM, por meio de uma não indicação de membros do partido para a comissão, se Gabrielli for bem no depoimento; e, por último, a crença de que não há clima político para fazer uma "CPI do fim do mundo", porque a própria oposição promete uma "investigação light".
Com Lula em viagem pela Arábia Saudita, China e Turquia, e Gabrielli na comitiva, as lideranças governistas vão insistir no início desta semana que havia um acordo com a oposição para não instalar a CPI enquanto o presidente da Petrobras não participasse da audiência pública de três comissões (Assuntos Econômicos, Infraestrutura e Constituição e Justiça). O PSDB, argumentarão os governistas, arrancou a leitura do requerimento da CPI proposta pelo tucano Álvaro Dias (PR) - na sessão aberta sexta-feira, com apenas quatro senadores - à revelia desse acordo. Uma reunião do DEM, marcada para terça-feira, pode ajudar a reforçar a estratégia do Planalto de segurar a instalação da CPI até o depoimento de Gabrielli
Ontem, o líder do DEM, senador Agripino Maia (RN), disse que "a maioria da bancada democrata tem posição cautelosa, de ouvir primeiro Gabrielli e só instalar a CPI depois." Na avaliação de Agripino, Gabrielli deveria ter cancelado a viagem com Lula e acertado imediatamente o depoimento no Senado. "Neste momento, o compromisso interno é mais importante que o compromisso externo. Se ele não convencer, o compromisso de instalar a CPI reúne toda a bancada do DEM". A ordem, admitiu o líder do DEM, para quem o procurou na noite de sexta-feira para se aconselhar sobre retirar ou não o nome da lista de apoio à CPI, foi esta: "Aguardem até terça-feira"
Para o líder do PT, senador Aloizio Mercadante (SP), "a CPI não vai botar uma empresa da importância da Petrobrás no bancos dos réus sem nenhuma mobilização da opinião pública". O governo acredita que está diante, se a comissão for mesmo instalada, de um caso semelhante às CPIs dos Grampos e dos Cartões Corporativos: ajuda a corrigir problemas, mas sem criar uma crise para o Planalto. "A CPI não é para destruir a Petrobras, é para defender a Petrobras", resumiu o presidente dos tucanos, o senador Sérgio Guerra (PE).
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