A senadora Ideli Salvatti (PT-SC) foi oficializada como a nova relatora do Orçamento de 2011. O presidente da Comissão Mista de Orçamento, Waldemir Moka (PMDB-MS), formalizou a indicação em sessão na noite desta terça-feira (7). Ela vai substituir Gim Argello (PTB-DF), que deixou o cargo após ter seu nome citado com suposto esquema de envio de verbas a institutos fantasmas por meio de emendas parlamentares. Argello nega as irregularidades.
A indicação de Ideli foi oficializada pelo presidente da comissão atendendo a uma solicitação formal feita pelo líder do bloco de apoio ao governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP).
Após ser indicada, Ideli fez um breve pronunciamento na comissão. Ela defendeu a manutenção do cronograma que prevê a votação final do Orçamento no plenário do Congresso até o dia 22 de dezembro. A senadora destacou o fato de este ser o Orçamento para o primeiro ano da administração de Dilma Rousseff.
"Um Orçamento que não é qualquer Orçamento, é o do primeiro ano do novo governo da presidente eleita Dilma Rousseff. Quero agradecer a confiança, a oportunidade, e dizer que eu espero e vou precisar muito da colaboração dos membros da comissão, dos relatores setoriais, dos coordenadores da bancada, da presidência e do Congresso como um todo".
A única referência a Argello foi de que seu trabalho na comissão estava sendo conduzido com "responsabilidade".
Argello deixou o cargo na tarde desta terça após ter seu nome citado em supostas irregularidades relacionadas com a liberação de emendas. Segundo o jornal "O Estado de S. Paulo", o senador encaminhou emendas ao Orçamento de 2010 no valor de R$ 1,4 milhão que acabaram em institutos de fachada. Um jardineiro e um mecânico seriam usados como laranjas no esquema.
De acordo com a reportagem, o suposto esquema teve início com a destinação do recurso por meio de emendas do senador. Após liberado, o dinheiro seria destinado para um instituto fantasma, que logo em seguida repassaria a verba para uma empresa de marketing, com endereço falso e em nome de laranja.
As emendas de Argello constam em rubricas do Ministério do Turismo e da Cultura que, segundo o jornal, não costumam fazer a checagem presencial da prestação de contas dos serviços.
Logo após entregar a carta de renúncia ao cargo, Gim explicou a decisão. "Fui acusado injustamente e não quero contaminar o trabalho da comissão, que vem fazendo um trabalho maravilhoso, um trabalho pensando no país. Eu quero ter liberdade suficiente para exigir tudo isso e ser um fiscal das acusações que fizeram contra mim, cobrando do Tribunal de Contas da União, da Controladoria Geral da União e do Ministério Público que apurem. Então, assim eu fico muito mais à vontade agora para ser o fiscal dessas cobranças."
O vice-líder do governo no Congresso, Gilmar Machado (PT-MG), reconhece que o governo teve influência na saída de Gim Argello da relatoria. "O governo quer a votação do Orçamento e colocou isso muito claramente para o senador Gim, que realmente fez um gesto de grandeza."
Machado destacou que não haverá mudança de rumo com a troca na relatoria e que o cronograma continua para a votação final até o dia 22 de dezembro.
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