A aceitação do pedido de abertura do impeachment da presidente Dilma Rousseff desencadeou um processo político com dinâmica própria, cuja repercussão é “imprevisível” e independe da legitimidade de Cunha - investigado por suspeita de corrupção - para tocar o processo, na avaliação de especialistas.
“Vamos sair de uma frágil situação de cumplicidade que havia entre Executivo e o Legislativo para uma tensa situação de conflito aberto. O governo terá que negociar como nunca negociou”, disse o cientista político do Insper, Humberto Dantas, para quem a lei dá a Cunha o direito de abrir o processo contra a presidente, “goste-se dele ou não”.
O cientista político Fernando Antônio de Azevedo, cientista político da Universidade Federal de São Carlos (UFscar), admite haver “vício de origem” na aceitação do pedido de impeachment, pelo fato de ter sido aceito por um “presidente da Câmara processado e ameaçado de perder o cargo e o próprio mandato” e que durante um bom tempo “chantageou tanto a oposição quanto o governo”.
No entanto, ele menciona a hipótese de o processo se avolumar e assumir caráter de pressão popular, sob o comando da oposição, na medida em que o processo começa a ser discutido.
“Teremos esperar para ver o que acontece. O Fenando Henrique usou a expressão, disse que a abertura de um processo de impeachment é uma bomba atômica. De fato, (a decisão) tem essa natureza atômica. Isso vai ter grande desdobramento no cenário político, independentemente dos vícios de origem”, afirmou.
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