As investigações da Polícia Federal na Operação Castelo de Areia revelam uma suspeita que envolve o passado de um dos personagens mais controversos da política brasileira: o ex-presidente Jânio da Silva Quadros.
A suspeita inesperada surgiu em meio às investigações sobre as operações da construtora Camargo Corrêa, que acabou chegando a nomes de políticos no meio de conversas e e-mails interceptados com autorização judicial. Segundo a apuração, o ex-presidente teria uma fortuna escondida fora do país.
As buscas pelo dinheiro começaram no apartamento do consultor financeiro Kurt Pickel, indiciado por crimes financeiros na operação da PF. A fortuna que Kurt se empenhou em localizar seria do ex-presidente e ex-prefeito de São Paulo.
Interessado na suposta herança, o neto do ex-prefeito, Jânio Quadros Neto, contratou o advogado Marcos Vilarinho, que pediu a ajuda de Pickel na empreitada. O consultor financeiro recorreu, então, a outro advogado, Patrice le Houelleur, de Genebra.
Kurt Pikel escreveu: "São fundos provavelmente substanciais, excedendo 20 mio, do senhor Jânio da Silva Quadros", o que a Policia Federal interpretou como provavelmente 20 milhões em moeda não mencionada.
Kurt diz ainda: "o finado Jânio Quadros era conhecido como um homem inteligente, astuto e sem dúvida escondeu bem os fundos que possuía no exterior".
Em resposta, o advogado suíço pede uma procuração assinada pelos herdeiros para iniciar a pesquisa nos bancos suíços.
No passado, Jânio Quadros foi acusado por opositores e pela própria filha de ter uma conta secreta na Suiça - o que ele sempre negou. Num dos e-mails para o advogado de Genebra, Kurt Pickel dá detalhes que, segundo ele, recebeu do neto de Jânio.
"Meu avô tinha uma conta no Citibank da Suíça. Esta conta foi fechada e o dinheiro transferido para uma nova conta", diz.
O interesse do neto de Jânio Quadros está registrado em conversas gravadas. Numa delas, ele pergunta a Vilarinho: "Alguma novidade lá do advogado da Europa? Eles vão abordar a instituição? Como vai ser?"
O último registro da Policia Federal sobre as supostas contas secretas do ex-presidente é de outubro do ano passado. Segundo o próprio advogado Marcos Vilarinho, a família de Jânio Quadros concordou em interromper a procura por causa da dificuldade e do alto custo das buscas.
Informado pela polícia sobre o teor das interceptações, o Ministério Público Federal informou que vai abrir uma investigação específica sobre o caso e vai pedir informações às autoridades suíças.
O consultor Kurt Pickel não quis comentar as investigações. Nos Estados Unidos, o neto do ex-presidente Jânio Quadros negou que tenha procurado advogados para investigar a existência de supostas contas do avô no exterior.
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