A líder do governo no Congresso, senadora Ideli Salvatti (PT-SC), afirmou nesta quarta-feira (15) que o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, autorizou a base a não votar a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), caso a oposição insista em manter as exigências apresentadas nesta terça-feira (14).
"Conversei com o Paulo Bernardo no começo da manhã. Ele deu carta branca para não votar a LDO, porque nessas condições o melhor é não votar mesmo", relatou Ideli.
Segundo a líder petista, o ministro do Planejamento listou os pontos estratégicos dos quais a pasta não estaria disposta a abrir mão. "Porque são políticas de combate à crise financeira criadas pelo governo que estão dando certo", explicou Ideli.
No Senado, os partidos de oposição e os senadores do grupo que defende a saída do presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), condicionam a votação da LDO à instalação do Conselho de Ética, que deve investigar três representações por quebra de decoro contra Sarney e uma contra o líder do PMDB, Renan Calheiros (AL).
Com tantas divergências, Ideli afirma que o recesso parlamentar não vai ocorrer, mas pondera. "Você acredita que algum parlamentar vai continuar aqui no Congresso se não tiver recesso? Já teve ano em que a LDO foi votada junto com o orçamento. Não tem nenhum problema (em não votar antes do recesso)", avalia ideli.
Já na Câmara, os partidos exigem a votação da medida provisória 460, que reduz tributos para as construtoras do programa habitacional Minha Casa e Minha Vida. "Daqui a pouco vão começar a querer escolher a cor da roupa que eu terei de vestir para poder votar", ironizou Ideli.
A sessão no Senado começou às 11h. Já na Câmara, os deputados marcaram o começo dos trabalhos no plenário para as 12h. Caso governo e oposição fechem acordo ao longo da tarde, a sessão do Congresso está prevista para ocorrer às 16h.
Câmara
Além de exigir a votação da MP 460, a oposição na Câmara contestou três pontos da proposta apresentada pelo relator da matéria, Wellington Roberto (PR-PB). Os parlamentares do PSDB, DEM e PPS atacaram o item da proposta que permite ao governo realizar investimentos no próximo ano, mesmo sem a existência de uma lei orçamentária.
O segundo ponto criticado é o dispositivo que autoriza a transferência, para 2010, dos recursos empenhados nas obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) que não forem gastos em 2009. Para o DEM, a medida tem interesse eleitoral.
O último ponto é uma alteração feita pelo relator no dispositivo que trata do limite de preços das licitações, o chamado "custo global de obras e serviços". O parecer do relator permite que as obras e serviços contratados pela União tenham como base a "média dos preços" das tabelas oficiais de insumos. Já a LDO atual estabelece que o custo das obras deve ser "igual ou inferior" à média de preços de insumos ou serviços.
Senado
A manobra articulada pela base governista na terça-feira (14), que esvaziou a reunião de instalação do Conselho de Ética do Senado é o principal argumento utilizado pela oposição para não votar a LDO.
Os senadores deveriam eleger o presidente e o vice-presidente do grupo integrado por 15 parlamentares que terá a missão de julgar três representações por quebra de decoro contra o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), e uma contra o líder do PMDB, Renan Calheiros (AL).
Oficialmente, a base governista se recusa a instalar o Conselho de Ética enquanto a LDO não for aprovada. Já a oposição diz que não vota a LDO enquanto o conselho não começar os trabalhos. O conselho está parado desde março.
O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), afirmou nesta quarta-feira que a base governista vai comparecer à instalação do Conselho de Ética, mas não confirmou o horário da possível reunião. Já o líder do PT na Casa, Aloizio Mercadante (SP), afirmou na terça-feira que a instalação do conselho não estava no acordo firmado com a oposição, que teria previsto apenas a instalação da CPI da Petrobras.
Senadores da própria base aliada, como Cristovam Buarque (PDT-DF) afirmaram nesta terça que a ausência da base na instalação do conselho foi uma manobra do presidente do Senado. "Não há ética na Casa enquanto o Sarney estiver na presidência. Ele manipula os senadores. Eles fazem o que o Sarney manda", criticou Cristovam.
A disputa pela presidência do conselho também seria outro motivo apontado pelos senadores para inviabilizar o trabalho do conselho. O grupo ligado a Renan e Sarney teria preferência por Paulo Duque (PMDB-RJ). Já a oposição gostaria de ter o senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE).
- Crise política atingiu imagem do Senado, diz pesquisa
- Senado contratará segurança após desviar 190 da função
- Presidente da Petrobras afirma que empresa é maior do que a crise
- Grupo de senadores cobra renúncia de Sarney
- Por falta de quórum, Conselho de Ética do Senado não é instalado
- Senadores elegem presidente e relator da CPI da Petrobras
Eleição de Trump ajuda na alta do dólar, mas maior vilão foram gastos excessivos de Lula
Empresas que controlam prisões privadas esperam lucrar com deportações prometidas por Trump
Peter Thiel, o bilionário que emplacou o vice de Trump e deve influenciar o governo
Lula fecha os olhos ao drama das crianças ucranianas
Deixe sua opinião