Escolas que estavam inundadas já estão abertas hoje para aula. Gaúcho não pode perder aula. Só não reabriram umas escolas que estão sendo abrigos de desabrigados, assim como fábricas que foram inundadas já estão produzindo. Gaúcho não para e não fica esperando por governo, não. Não é clientelista e não espera um governo paternal, porque governo paternal o ofende.
Outra coisa que eu acho neologismo é: catástrofe climática. Como assim catástrofe climática? É o mesmo clima de sempre, de todos os anos e de todas as cheias. Depois do estudo de 320 mil anos atrás, até hoje, a gente vê que é um tremendo ciclo, dependendo do sol. Agora, depende também dos homens que estão no poder e que têm responsabilidade de Estado sobre a dragagem de rios, a fiscalização de construção de pontes, de estradas, de aterros. Cabe aos homens que estão no poder permitir ou não permitir construção em áreas que alagam todos os anos. Cabe aos homens que estão no poder fazer a manutenção de diques e comportas e de fiscalizar encostas.
Essa é a catástrofe do Estado brasileiro que não faz a sua parte e só fala nisso durante a tragédia. Depois, para de falar, e a próxima tragédia é maior.
Moraes segue sendo Moraes
O ministro Alexandre de Moraes, embora com mais um pedido da defesa e mais uma manifestação favorável pela soltura por parte da própria Procuradoria Geral da República (PGR), manteve Filipe Martins preso. Embora o governo americano tenha informado que ele não foi os Estados Unidos naquele voo do Jair Bolsonaro, embora tenha sido comprovado que ele voou de Brasília para Curitiba e não para Flórida, ele continua preso.
Pessoas aqui de Brasília que conhecem os meandros dizem que é porque o defensor dele é o desembargador Sebastião Coelho, então, por causa do defensor ele fica preso. E o pior é que o Daniel Silveira, agora, escolheu também Sebastião Coelho para defendê-lo. Talvez seja para tirar a possibilidade de Coelho ampliar o seu trabalho como defensor de réus, né? Depois daquela defesa ao vivo, que ele foi foi bem duro em relação ao Supremo, dizem as pessoas que andam por lá que é uma espécie assim de aviso da Suprema Corte para o desembargador.
"Eu não sou idiota"
Eu estava ouvindo o senador Oriovisto Guimarães (Podemos-PR) que fez um discurso que eu chamaria de: eu não sou idiota. Segundo ele, o governo queria nomear políticos para o BNDES, para o Banco do Brasil, para Caixa Econômica, Correios e para a Petrobras, mas não podia, porque é proibido pela lei das estatais. O que fez o governo? Pegou um partido da base aliada que entrou no Supremo alegando a inconstitucionalidade da Lei, e isso foi concedido pelo ministro Lewandowski, que depois virou ministro da Justiça.
Enquanto vigorava a liminar, o governo nomeou essas pessoas: Jean Paul Prates para a Petrobras; Aloísio Mercadante para o BNDES e assim por diante. Agora, o Supremo decidiu que a liminar não valeu, porque a Lei é a constitucional. Mas já que o governo, de boa fé, teria feito a nomeação porque tinha uma liminar, as nomeações estão valendo.
O senador, então, diz: vocês acham que eu sou idiota? Quatorze meses depois de uma lei considerada inconstitucional por um ministro do Supremo, os outros dizem que a lei é constitucional e a liminar não vale, mas vale para nomear. São coisas que a gente vê aqui no nosso país.