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Alexandre de Moraes usa carta psicografada para condenar Filipe Martins

CARTA PSICOGRAFADA ALEXANDRE DE MORAES
Alexandre de Moraes examina a carta psicografada ao lado do espírito delator. Como assim você não está vendo ninguém. Ele está ali! (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil + Gemini)

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O STJ deu o passe (sem trocadilho) e Alexandre de Moraes entrou de sola. Isso mesmo. Depois que o STJ decidiu aceitar* uma carta psicografada como prova num caso de homicídio, o ministro, agora médium e pau-pra-toda-obra Alexandre de Moraes achou por bem recorrer ao mesmo expediente para condenar Filipe Martins. “Por que é que eu não pensei nisso antes?”, teria dito ele, de acordo com um famoso encosto que circula pelos corredores do STF.

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A decisão vem em boa hora para o ministro e, consequentemente, má hora para o réu. É que Alexandre de Moraes estava com certa dificuldade para emplacar a teoria de que Filipe Martins forjou a entrada nos Estados Unidos. Por que ele faria isso? Para enganar a PF e deixar o STF em maus lençóis. Como se Filipe Martins fosse capaz de prever que, um dia, a Polícia Federal e o Supremo Tribunal Federal fossem descer tão baixo. (Mas desceram).

Fishing expedition ao Lado de Lá

“Será que foi algum espírito golpista que deu essa dica ao Filipe Martins? Tem que investigar isso aí”, declarou um agora ex-ministro que preferiu o anonimato, mas me deixou dar uma dica: ele era muito chegado a um tal de João de Deus. Já ouviram falar? João de Deus este que, aliás, teria intermediado a carta psicografada que promete colocar o ex-assessor de Jair Bolsonaro atrás das grades de uma vez por todas!

A realização da Operação Umbral, porém, enfrenta resistência dentro da (cuidado! vai rimar!) Polícia Federal. É que, embora não assumam, muitos agentes morrem de medo de fantasma. A alternativa, pois, seria enviar agentes para uma fishing expedition ao Lado de Lá, mas ninguém pareceu muito animado com essa possibilidade. De qualquer forma, tanto a PF quanto o STF abriram licitação para a compra de tabuleiros ouija para serem usados nessa e em investigações futuras.

Quem é louco de duvidar?

Quanto à carta psicografada a ser usada por Alexandre de Moraes para condenar Filipe Martins, a identidade do espírito delator é incerta. Uns dizem que é o espírito da Democracia, outros que é o do Devido Processo Legal, ambos recentemente desencarnados. Outros apostam em grandes nomes da cultura, como Machado de Assis ou Clarice Lispector. Fala-se também que a carta pode ter sido escrita por ninguém mais ninguém menos do que Ruy Barbosa. E quem é louco de duvidar?

Procurado pela reportagem, o advogado de Filipe Martins, Jeffrey Chiquini, disse que vai recorrer da decisão. “Vou recorrer da decisão”, afirmou ele, depois de passar meia hora tentando convencer o repórter de que isso aí deve ter o dedo do Paulo Figueiredo ou do Kim Paim. Em nota (psicografada, aliás), juristas do Além informaram que não reconhecem a jurisdição de Alexandre de Moraes. Mas prometeram colaborar com as investigações contra tudo isso que eles acreditam ser obra do Fantasma da Ditadura.

Asterisco

Na vida real, apesar de ter mesmo analisado se uma carta psicografada podia ser usada como prova num caso de homicídio, o STJ, por unanimidade, decidiu que não. Evidências (e nessa loucura!...) do Além-túmulo, portanto, não têm valor jurídico. Mais uma decisão boa para a Justiça, mas péssima para a literatura.

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