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Governo Temer conta com “dinheiro da Suíça” para amenizar rombo no orçamento

 | Waldemir Barreto/Agência Senado

Não faz um mês que o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, descartou a necessidade de uma segunda etapa da chamada repatriação. Mas, de lá para cá, a piora das projeções para a atividade econômica e o agravamento da crise dos estados transformou o “dinheiro da Suíça” em fonte de receita imprescindível para fechar as contas do ano que vem.

No caso da União, por exemplo, o Orçamento foi elaborado com base em uma projeção de crescimento de 1,6% do PIB. Mas dias atrás o governo rebaixou sua estimativa para 1%, o que indica que a arrecadação de impostos será menor que a esperada. É aí que entra o dinheiro esperado na segunda fase do programa que regulariza o dinheiro mantido ilegalmente no exterior.

O relator da Comissão Mista de Orçamento, deputado Daniel Vilela (PMDB-GO), estimou em R$ 13,18 bilhões a arrecadação – com Imposto de Renda e multa – da segunda etapa da repatriação. Em declarações à imprensa, Vilela disse que a receita pode ser maior. Dentro do próprio governo, segundo ele, fala-se em mais de R$ 30 bilhões.

Qualquer que seja o montante, quase metade será repassada a estados e municípios, conforme o projeto de lei. Na primeira fase da repatriação, encerrada no mês passado, a arrecadação beirou R$ 47 bilhões. O governo, que resistia em compartilhar a receita de multas, percebeu o risco de derrota na Justiça e aceitou entregar parte dela aos estados. Agora, é pressionado a fazer o mesmo com os municípios.

O regime de repatriação será reaberto em 2017 por 120 dias. Será possível regularizar recursos comprovados até 30 de junho de 2016.

Os recursos da repatriação provavelmente não vão reduzir o déficit primário esperado para este ano e o próximo. Servirão, na verdade, para evitar que as metas – já bastante negativas – sejam descumpridas, possibilidade que cresce conforme a recuperação da economia não vem.

O governo federal mira rombos de R$ 170,5 bilhões neste ano e R$ 139 bilhões no próximo. Incluindo na conta estados, municípios e empresas estatais, o setor público tem como meta déficits de R$ 163,9 bilhões em 2016 e R$ 143,1 bilhões em 2017.

As alíquotas de imposto e multa, que na primeira fase foram de 15% cada, serão maiores, de 17,5% cada, na segunda etapa da repatriação. Com isso, o contribuinte terá de desembolsar o equivalente a 35% do dinheiro mantido lá fora, em troca da anistia de crimes como sonegação fiscal e evasão de divisas.

Apesar desse aumento, escritórios de advocacia esperam que a adesão seja novamente significativa, embora não tão grande quanto a da primeira etapa, quando 25 mil pessoas físicas e 103 empresas regularizaram ativos.

Como a Receita Federal demorou a sanar algumas dúvidas sobre a declaração, vários contribuintes deixaram de participar do programa encerrado em outubro. “Muita gente decidiu aderir na última hora, mas aí não conseguiu reunir documentação nem obter todas as informações dos bancos”, conta a advogada Valdirene Lopes Franhani, da Braga & Moreno Consultores e Advogados, de São Paulo.

Outro fator que pode atrair contribuintes é que a nova etapa da repatriação estende para junho de 2016 os efeitos do programa, antes limitados a recursos movimentados no exterior até 2014.

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