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Diante da nova safra rala de jogadores talentosos, os times brasileiros experimentam instigante fase, na qual se misturam promessas, que nem sempre se completam, com veteranos, que retornam ricos para os últimos suspiros aos estádios.

Ronaldo Fenômeno foi a maior exceção. Deu dois títulos ao Corinthians mesmo debaixo de dores musculares e rigoroso regime alimentar, encerrando a carreira quando o corpo não ajudou mais. Foi um jogador fora de série, o mais laureado craque brasileiro depois de Pelé.

Por falar em Pelé, ele também sentiu os efeitos da idade e, sabiamente, despediu-se da seleção logo depois da conquista do tricampeonato mundial renunciando a participar da Minicopa, em 1972, e da Copa do Mundo, em 1974, quando completaria 34 anos.

Se Pelé com toda a arte que Deus lhe deu e aquele exuberante condicionamento físico sofreu com o peso da idade e, sobretudo, com as naturais exigências que o esporte faz a todo atleta de alto nível, imaginem os jogadores comuns.

Daí o desapontamento dos torcedores com o rendimento de Ronaldinho Gaúcho, Rivaldo, Deco, Belletti ou os nossos Lucas, que preferiu encerrar a carreira antes que começasse a ser vaiado pela torcida atleticana; e Kléberson, que realiza esforço hercúleo para sobreviver como jogador de excelência.

Tcheco tem mostrado lucidez, ampla visão de jogo e até mesmo técnica apurada em suas recentes atuações pelo Coritiba, porém não possui o mesmo vigor físico e muito menos o padrão de rendimento exigido pelo futebol de hoje.

O mesmo se aplica a Paulo Baier, cada vez mais distante do esplendor das últimas temporadas. Aliás, um dos maiores problemas do atual time do Atlético é a falta de sustentação da meia-cancha e isso foi demonstrado nas partidas com o Internacional e o Avaí. A equipe mostrou-se melhor planejada em campo, ajustada e até mesmo reunindo condições de chegar à almejada marcação do gol. Entretanto, na etapa complementar, os veteranos Paulo Baier, Kléberson e Cléber Santana sucumbiram e com eles transformou-se em pó a esperança de vitória da fiel e sofrida torcida rubro-negra.

Em alguns casos, como de Kléberson e Cléber Santana, a baixa produtividade a partir de determinado estágio do jogo é quase imperceptível ao torcedor apaixonado. Apenas profissionais tarimbados têm olhos para perceber a diminuição da passada do atleta que sente as pernas pesadas, a perda da disputa pela bola com adversários fisicamente mais inteiros e, sobretudo, a dificuldade de acertar o passe que é a célula básica da prática do futebol.

Como modernamente o apogeu do futebolista baixou para a faixa dos 26 anos de idade, aqueles que insistem em alongar a carreira lembram, de certa forma, O Retrato de Dorian Gray – livro de Oscar Wilde – em que a imagem se deteriora à medida em que rejuvenesce o original.

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