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Em reunião com empresários durante Fórum do LIDE, em NY, Ratinho Jr. destaca obras de infraestrutura e privatizações em curso no Paraná.
Em reunião com empresários durante Fórum do LIDE, em NY, Ratinho Jr. destaca obras de infraestrutura e privatizações em curso no Paraná.| Foto: Jonathan Campos/Agência Estadual de Notícias

O projeto de atração de investidores para o Paraná é ousado. Privatizações, concessões, obras de infraestrutura, atração de empresas e capacitação de mão de obra estão entre as apostas do governador Carlos Massa Ratinho Junior (PSD-PR) para alavancar o Estado a uma posição, senão de liderança, de destaque no cenário nacional em atração de investidores. Uma disputa que envolve, inclusive, o estado vizinho. Para o governador paranaense, se São Paulo quer ser os Estados Unidos, o Paraná quer ser o Canadá.

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O recado foi dado em tom de bom humor durante o Fórum Internacional do LIDE, que aconteceu na última semana em Nova Iorque. O evento reuniu líderes empresariais e representantes de governos aptos a mostrar aos investidores onde vale apostar suas fichas.

Mas, nessa corrida, a analogia entre os dois países norte-americanos e os estados brasileiros que fazem o elo entre as regiões Sul e Sudeste configura uma comparação que mostra como a supremacia de lugares consagrados aos negócios atrai concorrência. Especialmente quando São Paulo ganha evidência nacional com a política de mobilização de capital privado que pretende angariar nada menos que R$ 180 bilhões em investimentos para o Estado, liderado por Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP).

Ratinho Jr. também corre atrás. Nos Estados Unidos, o governo paranaense reuniu-se com investidores e empresários estratégicos para fazer um briefing do que o Paraná empreende para atrair investimentos, especialmente no que diz respeito a infraestrutura e logística. Para o governador do Paraná, o fato de conectar o sul ao sudeste, maior mercado consumidor do país, agregar fronteiras estratégicas, como a Argentina e o Paraguai, e ser um polo produtivo de destaque internacional torna o Paraná um chamariz. "O Paraná já tem uma grande infraestrutura, as maiores cooperativas da América e 35 mil indústrias, além de multinacionais. Mas precisamos de investidores para novos projetos e para crescer ainda mais”, expôs o governador.

Ou seja, ainda há espaços a serem ocupados. E, para chamar o investidor, o governador destacou obras como da Nova Ferroeste, que promete logística ferroviária para escoar as produções das regiões vizinhas, além das novas concessões rodoviárias, que têm um de seis lotes em vias de ser licitado e preveem obras capazes de absorver melhor o tráfego nos primeiros 7 anos de concessão. Somente estes dois projetos somam investimentos da ordem de R$ 75 bilhões.

Os pacotes de autorização e concessão à iniciativa privada precisam de investidores interessados em apostar. E não apenas por conta dos projetos em si, mas pela cadeia que virá na sequência, com expectativa de angariar novos empreendimentos e investimentos adjacentes.

Na esteira do governo paulista, as privatizações são também a grande aposta do governo paranaense, que destacou o processo em voga na Copel, Companhia Paranaense de Energia, prestes a se tornar uma corporation (quando o Estado deixa de ser o acionista majoritário, conservando poder decisório), das parcerias público-privadas em processo de licitação da empresa de saneamento do Estado, a Sanepar, e das concessões de terminais da Portos do Paraná, que agrega os portos de Paranaguá e Antonina.

Ambiente propício a negócios

Para a presidente da regional Paraná do LIDE, Heloísa Garrett, o recado do fórum foi claro: o Paraná está ávido por negócios. “O empreendedorismo paranaense nunca esteve tão pronto para receber investimentos e para acelerar a economia”, avalia a empresária.

Não à toa, o escritório paranaense do grupo de líderes empresariais foi eleito o mais eficiente da organização no Brasil. O motivo é que Heloísa Garrett virou referência na conexão entre os setores público e privado para movimentar novos negócios. “A iniciativa privada oferece uma série de oportunidades para o setor público nos programas de concessão, privatizações e PPPs, mas os empresários também estão vendo o poder público como um importante cliente”, acredita.

Para ela, além de grandes investidores de infraestrutura, empresas do setor de serviços, tecnologia e produtos também devem estreitar as relações comerciais com a iniciativa pública, uma vez que os governos precisam de mão de obra qualificada, facilities, insumos e serviços. “Muitos dos nossos empresários podem ser esses fornecedores, desde que de forma ética e transparente”, antecipa.

Heloísa Garrett destaca que o Paraná está entre os estados mais competitivos do Brasil e concentra o 4º maior PIB nacional. E, para além dos dados, está alinhado com as demandas da iniciativa privada. “Temos segurança jurídica para operar as empresas, é um estado que está com as contas em dia e que tem capacidade de endividamento para esses grandes players mundiais fazerem sair do papel obras e privatizações.”

Heloísa Garrett, do LIDE PR: "Empreendedorismo paranaense nunca esteve tão pronto para receber investimentos".
Heloísa Garrett, do LIDE PR: "Empreendedorismo paranaense nunca esteve tão pronto para receber investimentos".| Rubens Nemitz Jr./LIDE PR

Visão de investidor

Além de grandes investidores como a XP Investimentos e a Kirkoswald Asset Management, norte-americana especializada em gestão de ativos, representantes de empresas das áreas de energia, tecnologia, alimentos, gestão empresarial e serviços ambientais foram alguns dos potenciais investidores alcançados em Nova Iorque. Entre eles, empresários brasileiros com negócios no exterior e estrangeiros com estratégias de investimentos no Brasil.

Para Carlos Santana, sócio-fundador da Tecnobank, empresa de tecnologia que fornece soluções para negócios, entre os potenciais do Paraná para atrair investidores está o processo de verticalização da indústria. “O estado vem passando por um processo de transformação no que diz respeito à industrialização, através da verticalização da indústria das commodities brasileiras”, explica. “Isso torna o estado muito atrativo, especialmente se considerarmos a geolocalização bem posicionada em relação ao país.” Com isso, para o empresário, os investimentos em infraestrutura de transportes tendem a favorecer o Paraná na atração de empresas.

Leon Le Senechal, fundador e CEO da Citymatch, empresa de tecnologia que desenvolveu uma solução capaz de conectar municípios e empresas, conta que a percepção é de que o Paraná está competitivo no cenário nacional. E as ferramentas que fomentam essa posição tendem a se proliferar.

O software criado pela empresa teve o projeto-piloto rodado no Paraná. Durante mais de um ano, prefeituras do estado usaram a plataforma gratuitamente para testar funcionalidades. A tecnologia funciona como um elo que conecta os setores público e privado por meio da oferta e da demanda. Enquanto as prefeituras cadastram os potenciais de seus municípios para atrair investidores, como infraestrutura física para instalação de indústrias ou políticas de incentivo fiscal, as empresas encontram as informações que precisam para tomar a melhor decisão sobre onde instalar seus ativos.

“A gente consegue criar um banco de dados que agiliza esse processo de relacionamento, que hoje é muito offline. Depende de o empresário ir até o município e criar um relacionamento. E para o gestor municipal é uma grande aliada porque tem um banco de dados com mais de 20 milhões de CNPJs cadastrados e, com ele, é possível entender o que buscam as empresas e que políticas elas podem considerar para escolher o município”, explica o empresário. A plataforma deve ser estendida a todas as cidades paranaenses por meio de um convênio com a Celepar, empresa de tecnologia do estado.

Se a mobilização do governo der certo, além de detentores de capital vultoso para as obras de infraestrutura em curso, investidores como Carlos e Leon tendem a ser atraídos e se proliferar no estado. Uma movimentação que pode angariar desenvolvimento do início ao fim da cadeia de negócios. “Há muitos empresários interessados nas agendas de energia, infraestrutura, saneamento e gás no Paraná. Queremos nos posicionar como uma plataforma que canaliza esses investimentos”, finaliza Le Senechal.

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