Um estudo apresentado pela Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) nesta segunda-feira (8) apontou que a infraestrutura atual de rodovias, ferrovias e portos no estado pode ser incapaz de escoar adequadamente toda a produção paranaense nos próximos anos, aumentando os custos para embarcadores e deslocando rotas de cargas para outros estados.
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O levantamento feito pelo ex-presidente da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa) e consultor de logística internacional, Luiz Henrique Dividino, foi encomendado pela Fiep após encontros com embarcadores em abril, que demonstraram preocupações com a possibilidade de a infraestrutura do estado não acompanhar as projeções de crescimento até 2030.
De acordo com o estudo, uma melhoria nas rodovias, ferrovias e portos no Paraná, além de uma interconexão adequada entre esses pontos, poderia significar uma redução de até US$ 15 por tonelada transportada, desde a saída até a entrega no destino final, notadamente o mercado asiático. Isso, segundo a Fiep, aumentaria a competitividade do setor produtivo paranaense e evitaria um colapso logístico no estado.
“Ou nivelamos a questão logística com produção ou mandamos um sinal para o setor produtivo para parar de produzir. O que precisamos fazer é calibrar o que está sendo produzido e o planejamento de infraestrutura de médio e longo prazo”, avisou o presidente da Fiep, Edson Vasconcelos.
“Os industriais paranaenses já estão mandando cargas para Santa Catarina. Precisamos entender que há medidas paliativas, mas também temos de olhar para frente. As ações de infraestrutura são de médio prazo e precisamos rapidamente equilibrar com a produção”, reforçou o empresário.
Demandas passam pela Nova Ferroeste e portos privados
Entre as principais cobranças dos embarcadores paranaenses estão os leilões dos quatro lotes de rodovias que terão concessão à iniciativa privada e que ainda não foram realizados; a renovação da concessão da Malha Sul ferroviária; o desenvolvimento da Nova Ferroeste, a ampliação do Porto de Paranaguá e a construção de portos privados no litoral do estado.
Para o superintendente do Sistema Ocepar, Robson Mafioletti, a produção agrícola no Paraná tem grande potencial de crescimento e se a infraestrutura não acompanhar na mesma medida, há possibilidade de interrupções no escoamento e também de redução no que é pago ao produtor.
“O Paraná é estrategicamente bem localizado, mas precisamos investir bastante. Se tiver um custo alto de logística, isso impacta no preço recebido pelo cooperado”, alertou. “Temos uma movimentação de 40 milhões de toneladas de carga por ano. São produtos de médio e baixo valores agregados, e a logística precisa funcionar bem para escoar no mercado interno, mas principalmente para exportação”, completou Mafioletti.
Projetos de infraestrutura enfrentam impasses ambientais
A expectativa do setor produtivo do estado é de que haja celeridade nos principais projetos de infraestrutura previstos para os próximos anos. Alguns deles, porém, estão paralisados por questões judiciais e sem perspectivas de quando poderão seguir, notadamente os que envolvem portos privados, como o porto Guará, em Paranaguá, e o porto de Pontal do Paraná, que depende da construção da Faixa de Infraestrutura. O principal obstáculo no momento são questões ambientais relativas a ambos os projetos.
O destravamento dessas obras é também um anseio do governo do estado. O plano do governador Ratinho Junior (PSD) é transformar o Paraná em um centro logístico, e a infraestrutura de rodovias, ferrovias e portos é fundamental para atingir esse objetivo. As obras paralisadas, entretanto, vêm adiando esse plano.
O secretário estadual da Indústria, Comércio e Serviços, Ricardo Barros, criticou a paralisação da obra da Faixa de Infraestrutura e de outros empreendimentos por motivos ambientais. Segundo ele, há um “ativismo político” que impede que esses projetos saiam do papel. “Se não tivermos um bom ambiente de negócios, os investimentos se deslocarão”, apontou.
Para tentar encontrar soluções para destravar projetos de infraestrutura, o Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR) criou uma comissão interinstitucional para mediar situações que envolvam questões judiciais em obras paralisadas. O Destrava Logístico pretende reunir governo do Paraná, Tribunal de Contas do Paraná, Procuradoria-Geral do Estado do Paraná, Ministério Público do Paraná, Defensoria Pública do Paraná, Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e Fiep, entre outras instituições.
“Pretendemos com essa iniciativa nos colocarmos como espaço de mediação”, disse o presidente do TJ-PR, desembargador Luiz Fernando Tomasi Keppen. “Às vezes há má compreensão do que se pretende, da situação concreta. Por isso é muito importante sentarmos na mesa e, a partir de um diálogo franco e construtivo, encontrar as soluções”, acrescentou.
Governo do Paraná destaca recordes em exportação e planejamento com novas concessões de rodovias
Por sua vez, o governo do Paraná destacou dois pontos: evidenciou os recordes sequentes em exportação registrados - resultados considerados os melhores da história do estado - e ressaltou que as novas concessões de rodovia projetam esse cenário de crescimento da produção, com a exigência de investimentos expressivos nas estradas para o período de 30 anos.
O processo de concessões de rodovias paranaenses evoluiu em dois dos seis lotes projetados. A assinatura dos contratos de concessão dos lotes 1 e 2, após quase cinco anos de planejamento, ocorreu em 31 de janeiro de 2024, marcando uma nova fase na infraestrutura rodoviária do estado. O trabalho - considerado inédito - foi construído entre governo estadual e governo federal, envolvendo ANTT, Dnit e DER.
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